Na Casa da Árvore, moradia do Kekekê.
Kekekê: *sentado na cadeira, em frente a mesa* Estou parado e olhando uma página em branco. Será que estou com bloqueio criativo?
Zezé: Quer ajuda, pai? *lendo gibi, sentado no sofá*
Kekekê: Pode ser. Tem alguma ideia, sobre o que eu possa escrever?
Zezé: Sobre golfinhos.
Kekekê: Golfinhos? São bonitinhos e alegres. Eu gosto de golfinhos!
Tadeu: O senhor gosta de todos os bichos, papai. *brincando com um ioiô*
Kekekê: Verdade. Que nome posso dar para ele?
[Zezé e Tadeu olham um para o outro.]
Zezé: Marciano.
Tadeu: E Marciano é nome?
Kekekê: Pode servir como nome, sim. É só um exercício de escrita, crianças.
Tadeu: Tá bom, tá bom.
Kekekê: Deixa eu pensar… Ele pode ser um aventureiro.
Tadeu: Ou o amigo imaginário de alguém!
Zezé: E quem teria um golfinho, como amigo imaginário, Tadeu?
Tadeu: É essa a minha ideia e ponto final.
Kekekê: Amigo imaginário e aventureiro. Não são más ideias, combinadas ficam muto interessantes. Muito obrigado, crianças. Já ajudaram bastante, com as ideias incríveis de vocês dois!
[Zezé e Tadeu ficam orgulhosos.]
Kekekê: Vejamos… *escreve com a caneta, no papel* Esse golfinho está um tanto mal educado.
Zezé: Vai ver que ele sente falta de viver aventuras…
Tadeu: Mas quem disse que como amigo imaginário, ele não vive aventuras?
Kekekê: Ninguém disse isso, Tadeu. Nada de briga, crianças! Zezé, você já leu tempo o suficiente esse gibi. É vez do seu irmão. Seja legal.
Zezé: Está bem, está bem. *entrega o gibi para o Tadeu* Posso brincar com o ioiô?
Tadeu: Pode, mas cuidado para não bater na sua própria cabeça, como fez da outra vez.
Kekekê: Verdade. Tome cuidado, meu filho. Zezé, seja bem cuidadoso e não faça manobras radicais, está certo?
Zezé: Mas assim não tem graça, brincar com o ioiô!
Kekekê: Só que tem quea prender a ter que toma cuidado para não se machucar, criança. E as suas manobras radicais sempre te machucam!
Zezé: Está bem, está bem. *fica emburrado*
Tadeu: Ei! Essa página do gibi está dobrada.
Zezé: É desenho do canto da folha. Juro que não dobrei!
[Zezé e Tadeu se olham.]
Kekekê: Já falei! Sem brigas. O que falei sobre olhares assim, crianças?
Zezé e Tadeu: É um comportamento muito feio!
Kekekê: Sim! Ainda bem que vocês sabem, do que estou falando. Eu quero que sejam bonzinhos e se comportem, um com o outro tá? Irmandade é uma coisa muito especial. E não deve se estragar com brigas tolas.
Zezé: Está bem…
Tadeu: Podemos comer bolinha de queijo?
Kekekê: Ai, ai. Espero que tenham entendido a mensagem que eu queria passar, ao menos!
Dias são dias, noites são noites, cairia bem uma pizza.
[O duende e a fada, estão passando a manhã juntos com as crianças, na casa da árvore onde mora Kekekê. Sala de estar sem barulho algum, e o lado de fora está igualmente silencioso. A fada Matilde está tranquila, apesar de ser conhecida pelo seu temperamento forte. Ela está se ocupando com um pincel, retocando uma parede da cozinha. Zezé e Tadeu não estão brincando juntos, porque Zezé está atrasado na lição de casa. Tadeu brinca silenciosamente, com sua cozinha em miniatura.]
Matilde: Kekekê, eu escutei alguém dizer algo sobre eu ter um tempero forte.
Kekekê: *sentado em um poltrona, lendo um livro*É? *abaixa o livro* Caramba!
Matilde: Sim! Isso é algo muito grave, eu acho que minha receita vazou.
Kekekê: Vazou?? Minha nossa! É melhor consertar. Vou buscar a minha caixa de ferramentas!
[Kekekê sai da sala, preocupado. Matilde começa a perder a paciência.]
Matilde: Não é esse tipo de vazamento! Tadeu, vá buscar o seu pai. Não o deixe pegar a caixa de ferramentes. O que aconteceu da última vez, não deve se repetir!
Tadeu: Eita! Ele pode se machucar de novo… *sai correndo*
Matilde: Céus… Esse concurso está me deixando extremamente cuidadosa.
Zezé: *sentado na cadeira, usando a mesa pequena da sala* Não seria paranoica, mamãe?
Matilde: Nossa, Zezé! Já terminou a lição de casa inteira?
Zezé: *resmunga*
Matilde: Não resmungue para mim, como resposta!
[Kekekê volta acompanhado de Tadeu, que está segurando a caixa de ferramentas.]
Tadeu: Convenci o papai a me dar a caixa de ferramentas!
Matilde: Ótimo. Tome cuidado você também, filho… Deixe na mesa maior, e depois eu vou levar para a minha casa.
Kekeke: Que falta de confiança em mim!
Matilde: Ora, Kekekê. Consertar coisas, usando uma caixa de ferramentas é uma das poucas coisas que você não sabe fazer. Não sei do que está reclamando…
Kekekê: Mas queria retribuir o favor, porque você está retocando a parede da cozinha!
Matilde: Ora, francamente! Eu estava sem o que fazer, em casa. E estou quase terminando.
Zezé: Então pode fazer o resto da minha lição de casa, mamãe!
Matilde: Deixa de bobagens, Zezé! É óbvio que não vou fazer sua lição de casa.
Zezé: Bom, ao menos eu tentei…
Kekekê: Matilde, pedagogicamente falando, não é produtivo faze-lo terminar a lição de casa, se ele já não está mais a fim de fazer. Deixe ele parar para brincar…
Matilde: Não seja mole com ele, Kekekê.
Zezé: *resmunga*
Matilde: *resmunga de volta*
Zezé: *resmunga mais uma vez*
Kekekê: Chega! Descansem, os dois.
Zezé e Matilde: Mas-
Kekekê: Nada de mas! Não quero ver os dois, se esforçando além da conta. Zezé, vá brincar com o Tadeu. Matilde, venha para sala para ouvir o livro que estou lendo.
Zezé: Sim, papai!
Matilde: Tá bem! Mas só porque eu já acabei de fazer o retoque, e não porque cansei e estou ficando rabugenta por causa disso.
O novo e o antigo andam de mãos dadas, e o mundo está sempre mudando. Mas na arte, há uma lembrança de um tempo que já passou…
Kekekê: Hoje nós estamos em um museu! Não é divertido, crianças? Toda a arte presente nesse lugar, e como representação da cultura artística de todos nós, duendes?
Zezé: Muito divertido!
Tadeu: Aquela pintura se mexe! Ela se mexe!
[As crianças do Kekekê, saem correndo até um grande quadro representando um país de doces]
Kekekê: Não corram no museu, crianças. Crianças! Desculpe, seu guarda.
Guarda: Não é problema, senhor. Aqui é um museu para crianças, afinal de contas. Não é perigoso para elas, nem para as pessoas do museu.
Kekekê: Mesmo assim não acho uma boa ideia elas ficarem correndo à vontade… *fala baixo, perto do guarda* E se todas elas começarem a fazer o mesmo?
Guarda: Realmente, aí seria mesmo um problema, senhor. Talvez possa pedir com gentileza que seu filhos… Não causem uma revolução, a revolução dos corredores!
Kekekê: Certo, certo!
[Os gêmeos estão olhando para o quadro, hipnotizados]
Zezé: Nossa! Olha só essas cores!
Tadeu: Até parece que consigo escutar uma música, que ao contrário provavelmente vem uma mensagem secreta…
Zezé: Talvez estejam vendendo, pasta de dentes secretas!
Tadeu: Tem que pensar nas tendências do mercado! As pessoas gostam de coisas secretas.
Zezé e Tadeu: Secretas!
Kekekê: Vocês dois estão sentindo o poder do itálico, não é mesmo?
Zezé: Dá um efeito especial daqueles!
Kekekê: É verdade! E já vamos aqui, com piadas de metalinguagem…
Tadeu: Quem pintou esse quadro? Não tem o nome do artista, ao menos ainda não achei!
Kekekê: É verdade… *tira o óculo, do bolso da camisa* Onde será que está o nome do artista? Cadê o… Guarda? Algum guia do museu para nos informar…?
Guia do Museu: O artista do quadro é desconhecido. Parece-me que é uma herança de família, dos primeiros donos de Museu.
Kekekê: Interessante!
Zezé: Não! Pensando melhor, é melhor nós não sabermos da história.
Tadeu: Sim! Vamos para casa, para criarmos a nossa própria!
[Os gêmeos saem correndo novamente]
Guarda: Crianças são mesmo cheia de ideias!
Guia do Museu: Sempre dispostas a imaginar o mundo, de maneira mais divertida.
[Kekekê se despede e agradece ao deus, ambos contagiados pela alegria das crianças.]
Zezé: “De onde vem o quadro do Museu dos Duendes, representando um país de Doces?”
Tadeu: Ele vem… ele vem…
[Os dois ficando rodando em círculos, esperando a inspiração vir. Kekekê traz bolinhos de chuva para eles comerem!
Kekekê: Estão servidos?
Zezé e Tadeu: Sim!
Kekekê: Eu me lembrei de uma coisa, Zezé, Tadeu! Encontrei um trabalho de artes de um de vocês, perdido aqui em casa.
Tadeu: Ah! Devia ser um que eu desisti, para começar de novo…
Zezé: Tadeu! Tadeu! Sabe que o que isso significa?
Tadeu: O quê? O quê?
Zezé: Que o Quadro do País dos Doces pode simplesmente ser um trabalho de artes para a escola!
Kekekê: Que ótima ideia, crianças. E o trabalho ficou tão bom, que foi até enquadrado! Pode haver sido um trabalho em um grupo de amigos, querendo fazer algo alegre e colorido!
Zezé e Tadeu: Sim!
Tadeu: Agora, aos bolinhos de chuva.
Hoje é sono é minha companhia, mas isso não impede de escrever uma história para o blog! Só espero que os duendes não me deem mais sono.
Na casa do Kekekê.
Locutor-sama: Os filhos pequenos do duende Kekekê, os gêmeos Zezé e Tadeu estava inventando novidades para brincarem. Criativos como eles são, decidiram trazer uma caixa que encontraram no fundo do armário do pai deles para participar da brincadeira. Não, eu também não entendi.
Zezé: Escute aqui, querida caixa misteriosa do armário do papai. Nós estamos brincando com nossos bonecos de Nuvens-Estrelas. Você será a nossa acompanhante!
Tadeu: Será que é uma boa ideia mesmo?
Zezé: Claro que é uma boa ideia! É uma caixa inofensiva, meu irmão. Não precisa ficar tão assustado.
Tadeu: Não estou assustado! Mas a caixa, dentro dela, podem ter coisas de quebrar…
Zezé: Não seja bobo! O papai nunca deixaria num lugar tão acessível para nós, pegarmos!
Tadeu: Mas estava no fundo da caixa! No chão!
Zezé: E…?
Tadeu: Nós fomos lá, e pegamos. Atrás de um monte de cabide com roupas antigas!
Zezé: É, quando você coloca desse jeito, realmente não estava acessível…
[Kekekê chega na sala de estar, onde eles estavam brincando]
Kekekê: Crianças! O que estão fazendo com essa caixa?
Zezé e Tadeu: Brincando!
Kekekê: Até aí estou vendo. Mas não é uma caixa vazia! Não querer que eu esvazie para vocês?
Zezé: Pode ser… Cuidado! Não pise nas nossas nuvens-estrelas!
[Kekekê desvia de duas pelúcias de nuvem, com estampa de estrela]
Zezé: Ufa! Ele não pisou.
Tadeu: O quê é que tem nessa caixa, afinal?
Kekekê: É mais fácil eu mostrar para vocês, do que falar. *abre a caixa* Olhem!
Zezé: São cartões!
Tadeu: Um tanto sem graça.
Kekekê: Não são sem graça, crianças! O conteúdo deles é bastante pitoresco, pelo que me lembro. São falas de uma peça que fiz quando criança, sobre vegetais.
Zezé: Vegetais???
Tadeu: Qual vegetal você fez?
Kekekê: Foi a alface. Eu gostei tanto dessa peça, que guardei os cartões com as falas, de todo mundo. E pensando melhor, isso aqui se chama ficha, não cartão. Apesar que teoricamente isso aqui é um cartão. Não sei… vocês entenderam! Podem usar a caixa à vontade. Vou recolher os cartões e deixá-los empilhados em cima da mesa.
Zezé: Mas isso não parece nada divertido.
Kekekê: Mas é organizado, meu filho!
[Kekekê começa a separar os cartões na mesa, empilhando-os com paciência]
Tadeu: Não acho que possa ser uma boa ideia…
Kekekê: Ué? Por que diz isso?
Tadeu: Eles podem ser atacados, as pilhas de cartões!
Zezé: Por quem??
Tadeu: Pelo Grande Boneco com chapéu! *pega o boneco e joga na mesa*
Kekekê: AAAAAAAAAAAAH Tadeu! Por-por quê?
Tadeu: Não sei. Deu vontade!
— Essa história tomou um rumo interessante.
Dias de luta, dias de pensar em pastel… Volta e meia volta a vontade de comer pastel. A história tem a ver com pastel? Não sei. Ainda não a escrevi, então ainda tenho que descobrir.
No apartamento da Matilde.
Era um dia escuro e tempestuoso. Mas isso não impedia a fada de aproveitar seu tempo para, manter a cabeça no lugar e não voar longe… Como as fadas fazem. Os pássaros também. E os pinguins. Mas eles não voam, você responde. Aí que está: É isso que eles querem que você pense.
Matilde: Que começo de história mais inusitado! E eu só estou tentando meditar.
Zezé: E de onde veio essa voz?
Tadeu: Será que temos um narrador atrás da cortina?
Matilde: Não digam isso nem brincando!
Zezé: Está bem. É momento de dizermos isso seriamente.
Tadeu: Será que temos um personagem que é onisciente?
Matilde: Muito engraçados os dois. Andaram lendo o dicionário, de novo?
Zezé: A Madrinha disse pra gente que, quanto mais cedo alcançarmos nosso intelectual e sermos gênios, melhor.
Tadeu: A mamãe vai fazer nós dois—
Matilde: Brincarem ali no canto. Estou tentando meditar.
Zezé: Agora fiquei na dúvida.
Matilde: Fale, Zezé.
Zezé: Eu nunca vi uma fada meditar.
Matilde: Você nunca viu. Entendi. Se puder me deixar em silêncio, vai ver pela primeira vez.
Tadeu: Mamãe é mesmo incrível!
Zezé: Tão intelectual.
Matilde: *coloca a mão na testa* E eu ainda deixo a Tuta influenciar vocês dois… Que tipo de mãe eu sou?
Zezé: Ah não!
Tadeu: Agora ela é uma fada com crise existencial.
Zezé: Isso significa uma coisa.
Tadeu: Que isso daria um ótimo quadro?
Zezé: Sim! Mas nós não somos pintores.
Tadeu: É mesmo.
Zezé: Então nós podíamos ir…
Tadeu: Ir até a cozinha, e abrir o pote de biscoitos!
[Os gêmeos saem correndo, com a mãe atrás dele. Voando.]
Matilde: Vocês não vão a lugar nenhum!
Zezé: Mas eu estou com fome.
Tadeu: E eu queria experimentar o gostinho de um biscoito.
Zezé: Deixa vai?
Tadeu: Deeeeeeeeeeixa?
Matilde: Tá. Vocês podem fazer isso. Mas!
Zezé: Mas?
Tadeu: Nós vamos ter que ler os termos e as condições. Já vi que hoje está difícil.
Matilde: Deixa de bobagem! Não tem termos e condições. Só tenho que voar um pouquinho, para pegar o pote de biscoitos. Lembram que deixei em cima do armário, porque vocês quebraram o outro sem querer? *pega o pote de biscoitos e volta para o chão*
Zezé: É verdade!
Tadeu: Mas podemos comer biscoito mesmo assim, não é?
Matilde: Eu vou permitir vocês dois de comerem biscoito.
Zezé: Ainda bem.
Tadeu: Obrigado pela gentileza de seu nobre espírito, mamãe.
Matilde: De nada. Mas por favor, parem de falar assim. Sejam crianças e digam a primeira coisa que vier a cabeça!
Zezé: Não.
Tadeu: Não mesmo!
Matilde: Então brinquem ao menos, ao invés de ficar lendo o dicionário.
Zezé: Então para quê serve o dicionário, se não podemos ler?
Matilde: Para buscar uma palavra em particular, que você não sabe o significado.
Tadeu: Ah.
Zezé: Então tá.
Matilde: Se quiserem brincar na cozinha, fiquem à vontade. Eu vou para a sala, tentar meditar um pouco. *a fada sai da cozinha*
Zezé: Vamos continuar lendo o dicionário, mesmo assim.
Tadeu: Vamos! *tira o dicionário do bolso*
— Como uma criança que é um duende, pode guardar um dicionário no bolso? Pergunta difícil de responder.
Sabem como as coisas são, elas são encantadoras. E coisas encantadoras nos dão esperança e alegria para mais um dia!
No apartamento da Matilde.
Matilde: AAAAAAAAAAH! Não acredito que estou em dia de folga! Está bem, eu sei que eu sou viciada em trabalhar por falta de passatempos decentes, mas ter que ficar em casa é tão chato!
Zezé: Hoje é um daqueles dias, irmão!
Tadeu: Acho que isso é extremamente preocupante. Mamãe não sabe relaxar.
Zezé: Será que nós a chamamos para brincar?
Tadeu: Não sei. Mas é melhor nós batermos na porta do banheiro, primeiro.
[Zezé bate na porta. Matilde abre a porta.]
Matilde: O que há, crianças? A mãe de vocês está apenas tendo um diálogo com o próprio reflexo. Precisam de alguma coisa?
Tadeu: Bem…
Zezé: Nós precisamos de você, para ser nossa parceira de brincadeiras!
Tadeu: Se a senhora não se incomodar, é claro.
Matilde: *pensa um pouco* Bem. Vocês dois estão brincando de quê?
Zezé: Estamos brincando com os nossos bonecos de Sherlock Holmes!
Tadeu: Eu sou o Sherlock!
Zezé: E eu sou o José da padaria!
Matilde: O que aconteceu com o boneco de Watson, Zezé?
Zezé: Não sei. Ele deve ter sido encantado por uma fada, e então acabou saindo por aí.
Matilde: [olha com expressão séria para o Zezé]
Zezé: Sim, mamãe. Eu estou falando a verdade!
Matilde: Que situação um tanto irônica, não é verdade? Uma fada encanta o boneco! E eu sou o quê? Uma bruxa?
Tadeu: Bom, a madrinha diz que você é.
Zezé: Mas será que a mamãe não é o verdadeiro sanduíche de complexidade?
Matilde: Pensei que eu já tinha dito para os dois, crianças, que não é muito bom repetir o que a Tuta e a Hello falam.
Zezé: Ah! É verdade.
Tadeu: E de que sabor é um sanduíche de complexidade?
Matilde: Está vendo! As metáforas da Hello nem fazem sentido! Vocês podem agora, por gentileza, me informar o do porquê o boneco do Watson ter sido encantado por uma fada?
Zezé: Não sei.
Tadeu: Nem eu.
Matilde: Está bem. Eu vou apenas perguntar para o cachorro. Onde está o Beethoven?
Zezé: Não sei.
Tadeu: Ele disse que ia sair para comprar uma garrafa de água.
Matilde: *coloca a mão na testa* Ah! Peraí uma garrafa de água?
Tadeu: Parece que não é uma garrafa de água qualquer, mamãe. É uma garrafa de água vinda de Londres! Foi o que ele me disse.
Zezé: Uau. Altos diálogos com o Beethoven!
Tadeu: Qualquer dia desses eu quero conversar com o Mozart.
Matilde: Muito engraçado vocês dois. Venham, nós vamos procurar esse cachorrinho doido.
Zezé: Mas ele é um cachorro dono de si!
Tadeu: E a sua coleira tem o registro dele. Se precisar, o próprio pode ligar pra gente por telefone.
Matilde: Eu sei que ele é capaz de fazer isso, mas…
[O telefone toca]
Zezé: Eu atendo! Eu atendo! *sai correndo até a mesinha do telefone* Alô? Sim? Ah, você está voltando para casa Beethoven? Cachorro bonzinho! Você está próximo do prédio. Entendi. Vamos esperar por você. Espere. A mamãe quer falar contigo.
Matilde: *pega o telefone que o Zezé entregou para ela* BETHOVEEN!
Beethoven: Olá minha senhora sou o pintor de Jundiaí.
Matilde: BETHOVEEN
Beethoven: AU AU AU.
Matilde: Kekekê, eu sei que é você.
Kekekê: Poxa vida Matilde! Você não sabe brincar? Nós estávamos querendo te distrair, no dia de hoje.
Matilde: Você não me avisou, que hoje também era seu dia de folga.
Kekekê: Precisava? A escala de funcionários fica perto da sua sala!
Matilde: Na verdade fica perto da sala do Pompom. A cabeça do Moon fica se reconstruindo, e nós que somos funcionários, sofremos!
Kekekê: Sei! Mas na verdade é que a escala de funcionários acaba caindo da parede. Estou providenciando um quadro novo.
Matilde: A Tuta mandou?
Kekekê. Sim. E eu estou trazendo o boneco do Watson do hospital de brinquedos!
Matilde: Ah. Então foi isso que aconteceu com ele.
Palavras em inglês ficam tão populares, e a palavra traduzida fica lá, esquecida pelo público no dicionário.
Tuta-sama: Que dia! Estava servindo de diplomata para resolver uma questão entre o Reino dos Bolinhos e o Reino dos Cupcakes. Que são, a mesma coisa. Questão de tradução. Como que eles se separaram em primeiro lugar? *A guaxinim anda de um lado para o outro* FALHEI NA MINHA MISSÃO, E AGORA ESTOU PRESA EM UMA CASINHA ABANDONADA NA FLORESTA!
*Ela senta em uma cadeira de madeira*
Tuta-sama: Sério isso? Sério? Eu, uma milionária guaxinim cheia de grandes sucessos financeiros, sou metida em uma situação que eu nem sei bem como isso tudo começou!
*pega uma xícara de chá e bebe tranquilamente*
Tuta-sama: Ainda bem que o chá é gostoso. Espera aí, isso é sério? A Moon demorou tanto para escrever minha historinha e eu não tenho nem chance de entender como é que eu falhei?
*A lareira apagou, de forma misteriosa. Tuta deu um grande grito de espanto.*
Tuta-sama: Ah, agora ela está me enrolando! Muito bem!
????: E ESSE É O GRANDE MOMENTO… PARA…
Tuta-sama: Que palhaçada é essa agora??
????: O JOGO DE PERGUNTA DAS REFERÊNCIAS!!
Tuta-sama: MAS QUE-
*As luzes se acenderam. Uma macaco dançando aparece na visão da guaxinim*
Tuta-sama: -MACACO É ESSE?? Pronto. Eu tomei chá de cogumelo ou é a Moon de graça comigo?
????: Você, participante!
Tuta-sama: Eu?
????: Sim! Responda a minha pergunta. Esta régua que tenho em minhas mãos é de qual história?
Tuta-sama: Não é de nenhuma história da Moon, porque ela não termina nada… que ela considere relevante.
????: Errado! Mais duas chances, ou você não irá ganhar essa linda régua que tenho em minhas mãos.
Tuta-sama: E se eu perder, o que acontece?
????: Você não irá querer saber.
Tuta-sama: Nossa! *expressão de entediada* Se eu não acertar, essa história nunca irá terminar, e esse é o verdadeiro terror da minha perda. Deixa eu pensar…
????: Valendo! Qual história foi a primeira aparição de Hello nas historinhas do blog?
Tuta-sama: *bate com a patinha na testa* “A Nova Hóspede na Casa Verde”?
????: ELA VENCEEEEU! Tome essa linda régua.
No estúdio de Happy Green Things.
Tuta-sama: Hello! *olha para os lados* Isso aqui é uma das salas de gravação das historinhas?
Hello: Bem, eu sempre desconfiei que tinha um negócio desses por aqui…
Tuta-sama: Pode me explicar o que está acontecendo? E porquê o seu gato Ramsés está deitado no seu colo? Você é alguma vilã clichê?
Ramsés: Não se pode mais querer ficar confortável nos dias de hoje… *pula do colo da Hello*
Tuta-sama: Isso tudo foi para ganhar uma régua?
Hello: Sim! Tudo isso foi para você ganhar um especial presente dos seus adoráveis afilhados duendes!
Zezé e Tadeu: Dinda! Dinda! Você gostou?
Tuta-sama: *observa a régua e nota nos desenhos de guaxinins nela* É muito fofa… Obrigada.
Zezé: Ela gostou!
Tadeu: Surpresa surpreendente!
Tuta-sama: Agora me diga… Como foi que eu cheguei aqui?
Hello: Conveniência para a história acontecer?
Tuta-sama: Você não me carregou até aqui desacordada, carregou?
Hello: Eu nunca faria uma coisa dessas.
Ramsés: Sonambulismo.
Zezé: A Moon demorou tanto para escrever a historinha dela que seu desejo subconsciente causou ela andar até aqui para ter a sua aventura escrita!
Tuta-sama: Você escreveu essa frase para ele decorar, não foi?
Hello: Talvez eu tenha feito isso.
Existem dias e outros dias, e também tem finais de semana.
Locutor-sama: Não era um dia qualquer – Era um “daqueles” dias em que a fada chamada Matilde estava irritadíssima. O motivo ainda desconheço, mas acredito que nós vamos descobrir agora.
Matilde: O motivo para eu estar irritada NÃO TE INTERESSA!
Locutor-sama: Ela está segurando um taco de beisebol. E nesse momento eu agradeço por não estar fisicamente presente.
Matilde: Essa é boa! Agora o narrador virou um espírito.
Locutor-sama: Eu apenas estou… No modo narrador observador!
Matilde: Sabia que as piadas não tem graça?
Locutor-sama: Sinto muito. Continuando a narrativa, a fada usou seu taco de beisebol em direção a uma piñata que estava pendurado no teto. Não aconselho que façam isso em casa, crianças.
Zezé: Você… está vendo isso?
Tadeu: Minha nossa senhora dos duendes!
Locutor-sama: As crianças entraram no momento em que elas não puderam notar que era uma piñata que a mãe delas estava acertando.
Zezé: O que ela está fazendo?
Tadeu: Será que nós estamos presenciando uma cena de um crime??
Locutor-sama: Os gêmeos ficaram assustados, e a fada parou o que estava fazendo.
Matilde: Crime? Que crime? Isso aqui é uma piñata. Estão vendo?
Zezé: Oh!
Tadeu: É aquele negócio em forma bizarra que sai doces?
Matilde: Exatamente.
Zezé: Eu quero doces também!
Matilde: Certo, certo.
Tadeu: Podemos acertar a piñata também?
Matilde: Não.
Zezé e Tadeu: *decepcionados*
Matilde: Mas vocês vão poder comer os doces comigo.
Zezé e Tadeu: OBA!!
Horas depois
Zezé: Os doces estavam deliciosos!
Tadeu: Estavam mesmo. Mas sabe o que eu me lembrei?
Zezé: Do que você se lembrou?
Tadeu: Lembra daquele livrinho da tia Hello que encontramos nas nossas explorações na Casa Verde?
Zezé: Oh! Aquela história de terror sobre as piñatas?
Tadeu: Nós somos criminosos! Criminosos terrível!
Zezé: Vamos para a cadeia!
Matilde: Que choradeira é essa?
Zezé e Tadeu: Nós somos criminosos!! A polícia vai vir nos prender!
Matilde: *suspira profundamente*
Na Casa Verde
Hello: Alô? Matilde! Como você-
Matilde: QUANTOS ANOS MEUS FILHOS TEM?
Hello: Oi?
Matilde: VOCÊ SABE QUANTOS ANOS MEUS FILHOS TEM?
Hello: Matilde, se nem você que é mãe dele sabe, como é que eu vou saber-
Matilde: NÃO SE CONTA HISTÓRIAS DE TERRORES PERTURBADORAS COMO ESSA PARA CRIANÇAS! *desligou*
Hello: Alô? Alô? Céus… Ela desligou na minha cara! Que falta de educação.
Sir Bigodón: Sobre o que era o assunto?
Hello: Histórias assustadoras… Algo do gênero.
Sir Bigodón: Sobre a vez que os gêmeos filhos do Kekekê leram aquele livro da história assustadora da piñata?
Hello: MEU DEUS! O que foi que eu fiz?
Sir Bigodón: Tome mais cuidados com as suas coisas.
Uma pintura, e é de um cisne branco! Swaaaaan!
Na casa da árvore do Kekekê
Zezé: Minha nossa! O Ogrosório tem muitos talentos.
Tadeu: Quem diria que ele manjava de pintura?
Ogro: Grofa!
Zezé: O que foi que ele disse?
Tadeu: Grofa. Ele sabe dizer outra coisa?
Zezé: Pensando melhor, ele deve ter reclamado de ser chamado de Ogrosório…
Tadeu: Oh! Ele não gosta do nome dele?
Ogro: Grofa!
Zezé: Eu vou contar isso como um sim.
Tadeu: Eu também!
Ogro: Grofa…
Zezé: O que será que ele está pintando?
Tadeu: É um cisne!
Zezé: Bonito!
Ogro: Grofa.
Tadeu: Acho que ele ficou contente com o elogio.
Zezé: Também acho…
Ogro: Grofa…
Tadeu: Ogro, diga para gente…
Zezé: Porquê o papai precisa de um segurança?
Ogro: Grofa?
Tadeu: Talvez seja complexo demais para nós, crianças simplórias, entendermos.
Zezé: Será mesmo?
Tadeu: Olha! Ele está escrevendo alguma coisa.
Ogro: *escrito no papel* Seu pai está correndo perigo.
Zezé: Que tipo… De perigo?
Tadeu: Perigo nível perigoso?
Zezé: Perigo nível perigosíssimo?
Ogro: *faz que sim com a cabeça*
Zezé: Minha nossa!
Tadeu: Será que é um ataque de raiva da mamãe?
Ogro: *escreve no papel* Ele está lavando o banheiro nesse momento.
Zezé: Quer dizer então que…
Tadeu: …Lavar banheiro é algo perigosíssimo?
Ogro: *faz que sim com a cabeça e vai correndo até o banheiro*
Zezé: O que será que aconteceu?
Tadeu: Espero que ele não esteja precisando ir no banheiro…
Zezé: E o papai está lavando o banheiro!
Tadeu: Seria um grande impasse…
Zezé: Seria mesmo!
Ogro: *trás o Kekekê nos braços*
Kekekê: O-oooh…
Zezé: Minha nossa!
Tadeu: O que foi que aconteceu?
Ogro: Grofa! Grofa.
Zezé: O banheiro é mesmo perigoso.
Tadeu: Papai, fale comigo.
Kekekê: A-aaaah….
Zezé: Ele parece tonto.
Tadeu: Acorde, papai!
Kekekê: O banheiro…
Zezé: O que tem o banheiro?
Tadeu: Aquela criatura perigosíssima consumiu suas energias para viver eternamente jovem??
Kekekê: O banheiro…
Zezé: Não faça suspense!
Tadeu: O que tem o banheiro?
Kekekê: Tá limpo! *começa a dormir*
Ogro: *coloca o Kekekê no sofá*
Zezé: Entendeu alguma coisa?
Tadeu: Que limpar banheiro dá muito trabalho?
Zezé: Que coisa sem graça.
Tadeu: O papai vai ficar bem, Ogrosório?
Ogro: Grofa. Grofa Grofa!
Zezé: Acho que ele disse que sim.
Tadeu: Será que ele não quer mesmo que a gente chame ele pelo nome?
Zezé: Pela cara dele de bravo, acho que sim.
Tadeu: Mas a sua mãe ia querer que você fosse chamado pelo nome que ela deu, não acha?
Ogro: Grofa!
Zezé: Ele discorda.
Tadeu: É, eu percebi.
Tem vezes que pensamos em… Sorvete derretendo! Céus, isso é terrível.
Na casa da árvore do Kekekê
(Tasketê e o ogro estavam jogando damas, enquanto as crianças assistiam)
Zezé: Damas não é um jogo muito emocionante.
Tadeu: Falta explosões!
Zezé e Tadeu: BOOM! *os dois jogam as almofadas que estavam segurando para cima*
Tasketê: Paciência, é sobre isso que damas…
Ogro: Grofa!
Tasketê: Ca-calma! Estou pensando no meu próximo passo.
Ogro: Grofa.
Tasketê: Já se passaram… Quinze minutos??!
Zezé: Uau!
Tadeu: Eu devo ter cochilado…
(Tadeu pega a almofada caída no chão sua e a do irmão. Ele entrega para o Zezé e senta no sofá novamente.)
Tasketê: Deixa eu ver…
Ogro: Grofa!
Tasketê: Certo! *faz um movimento no tabuleiro*
Ogro: Grofa! *também faz um movimento*
Tasketê: Oh! Essa foi a minha… Última peça. Eu perdi!
Ogro: Grofa.
Tasketê: Não precisa me consolar, ogro. Eu sou uma farsa jogando damas!
Ogro: *dá um tapinha amigável no ombro do Tasketê*
Tasketê: Oh! Você é realmente nobre.
Kekekê: Alguém vai querer biscoitos de leite? *segurando uma bandeja*
Tasketê: Ah! Eu quero. *pega um*
Kekekê: Pode pegar.
Ogro: *pega um também*
Kekekê: Crianças, vocês dois não vão querer?
Zezé: Ele está mesmo fazendo essa pergunta?
Tadeu: Somos crianças! Nós não comemos biscoitos de leite.
Zezé: Preferimos… Chocolate!
Kekekê: Crianças… Sabem qual é o problema em comer biscoitos de chocolate?
Zezé: Tem problema?
Tadeu: Eu não sabia disso!
Ogro: Grofa!
Kekekê: É como o ogro disse… Vocês virarão biscoitos!
(Um barulho de trovoada ao fundo)
Tasketê: Puxa vida! E eu pensei que o tempo estava bom.
Zezé: Bi-biscoitos?
Tadeu: Bobagem! Eu não acredito nisso.
Kekekê: Mas é a pura verdade!