No escritório da autora, no estúdio Happy Green Things.
Lalali: *abre as portas do escritório* Autora Moon! Autora!
Moon: Lalali! Você chegou. Venha me ajude a decorar o meu escritório com esse dia magnifico, que é o dia vinte e nove de fevereiro.
Lalali: Você está fazendo uma festa para o dia 29 de fevereiro?
Moon: Sim, é claro que estou fazendo! É algo magnifico e extremamente fascinante. Deve ser comemorado, mesmo que euzinha não conheça ninguém que faz aniversário desse dia…
Lalali: Hoje podia ser aniversário das suas ideias.
Moon: Ah! Poderia ser. Elas merecem ser comemoradas, apesar de nem todas serem de origens positivas. Enfim! Lalali faça-me o favor de levar um mimo para elas sim?
Lalali: Quando você quer dizer mimo para as ideias, você quer dizer esse bolo que está em cima da sua mesa?
Moon: Sim! Pode ser. Eu acho que é a cara das minhas ideias, o bolo de sabor laranja. O nosso pode ser o bolo formigueiro!
Lalali: Nossa, eu amo bolo formigueiro. Pode deixar comigo, que eu levo o bolo de laranja.
Moon: E é melhor dividir em muitos pedacinhos…
Lalali: Pode deixar comigo! Não sou usuária de duas espadas, por brincadeira. Levo o meu trabalho a sério, como a chefe das ideias.
Moon: Está bem, contando que tome cuidado com o que for fazer…
[Lalali sai do escritório. Locutor-sama entra.]
Locutor-sama: Alô, senhorita Moon. Como vai minha autora favorita?
Moon: Lá vem. Você já vai me pedir alguma coisa…
Locutor-sama: Ah sim! Eu vou te pedir uma coisa, de fato.
Moon: E isso seria?
Locutor-sama: Fazer o Biscoito devolver meu microfone.
Moon: Para quê ele quer seu microfone?
Locutor-sama: Ele falou que queria cantar, para atrair as barras de chocolate.
Moon: Isso é bastante assustador. Cadê o chapéu de mágico…?
Random: *sai de dentro da gaveta da mesa* Terceira porta à esquerda! *se referindo ao armário.
Moon: Ooh! Muito obrigada, Random. Espere aí, Locutor. Vou encontrar rapidinho, seu microfone. *abre a porta do armário, encontra o chapéu* Aqui! *tira o Biscoito do chapéu de mágico* Me dê o microfone do narrador, Biscoito.
Biscoito: Não!
Moon: “Biscoito deu o microfone para a autora, de maior boa vontade.” *o personagem faz como lhe é dito* Está vendo, Biscoito? Você não tem escolha, a não ser obedecer a minha narrativa.
Biscoito: Isso não é justo!
Moon: Escreva suas próprias histórias, e aí a gente conversa.
Tudo faz parte da vida, até começar a entrar em acordo com gente difícil de se lidar
No estúdio da autora, em Happy Green Things.
Moon: *andando no corredor* Eu não aguento mais isso. Não posso tolerar, por mais um momento.
Cola-sama: Autora, o que houve? Teve seu ego como escritora ferido…?
Moon: Não! Isso é mil vezes pior, que o orgulho de escritora ferido.
Cola-sama: Eu disse “ego” e não orgulho.
Moon: Não importa. A questão não é sobre isso.
Cola-sama: Mesmo que se for, eu compreendo. Lidar com críticas é difícil.
Moon: Escute aqui, Cola-sama. Lidar com críticas, faz parte da vida. O segredo é saber filtrar o que realmente é, uma crítica construtiva que vai te ajudar alguma coisa.
Cola-sama: Muito bonito. Está em bons passos para a maturidade.
Moon: Obrigada, eu acho. Enfim, o problema é que o meu teclado está repetindo as teclas. E isso faz escrever ser difícil.
Cola-sama: Não tinha dado um jeito nisso, escrevendo mais devagar…?
Moon: A senhorita está bem informada! Sim, de fato eu tenho feito isso. Digitado o mais devagar que consigo.
Cola-sama: Que coisa.
Moon: Que coisa, o quê?
Cola-sama: Você está se gabando! Nem todo mundo sabe digitar rápido que nem a senhorita, sabe?
Moon: Não estou me gabando, que sei digitar rápido. Mesmo que eu saiba, do que adianta? O teclado está repetindo teclas. Re-pe-tin-do. Isso está ficando irritante.
Cola-sama: Então talvez você tenha que desistir, de fazer histórias diárias…
Moon: Você não acha isso ridículo? Passei um tempão, publicando de vez em quando e quando tomo uma resolução… PÁ!
Random: Nossa autora, como você adivinhou que eu trazia uma pá…?
Cola-sama: De onde esse boneco de palito veio?
Moon: Vocês fazem muitas perguntas. Random, isso é só uma onomatopeia. Não tinha como eu adivinhar, que você traria uma pá.
Random: Mas você adivinhou, sem querer.
Moon: É, eu não tinha pensado desse lado. E Cola-sama!
Cola-sama: Sim?
Moon: Personagens aparecem de repente. É uma surpresa atrás da outra! Enfim, o ritmo por aqui é assim. Você ainda não se acostumou?
Cola-sama: Isso eu me acostumei, faz bastante tempo. O que não me acostumo é… *começa a falar baixo* O boneco de palito.
Random: *começa a assobiar*
Moon: *fala baixo* Hã? O que tem o Random?
Cola-sama: *continua falando baixo* Ele é um boneco de palito! Um desenho de duas dimensões. No mundo real.
Moon: Nunca tinha pensado nesse lado! Random, você é especial!
Random: Sé-sério? *emocionado* Obrigado, autora. Você fez o meu dia, hoje.
Moon: Assim como dar tchau de volta, para pessoas que não conheço.
Cola-sama: Isso é estranhamente específico. Você fez isso, mesmo?
Moon: Hahahahaha.
O ambiente de trabalho é importante, para se escrever uma história. Ah! Como eu queria uma almofada, ou uma cadeira mais confortável. Mas quando não dá, se trabalha com o que tem.
No corredor do Estúdio de Happy Green Things
Cola-sama: Eu sei que a autora se sente em uma necessidade extrema de provar a si mesma, mas…
Locutor-sama: Qual é a sua preocupação, exatamente?
Cola-sama: Não é apenas uma questão de preocupação, é um fato. A autora vai acabar se vendo sem ideias, em certo momento.
Locutor-sama: Que bobagem, Cola-sama. As ideias da autora são diversas. Elas não vão desaparecer, repentinamente.
Cola-sama: Está bem. Não vão desaparecer, mas podem deixar de querer colaborar. Vejamos… Vamos até o escritório.
No escritório da autora.
[No lugar em questão, há vários incensos de canela acesos.]
Cola-sama: Ora, ora… A Moon pirou na batatinha.
Locutor-sama: Até onde sei, ela pirou no pastel. Não na batatinha!
Moon: Como vocês são audaciosos! É só eu sair um minuto que começa a gracinha.
Locutor-sama: Sinto muito, senhorita Moon. Mas diga-nos, para quê servem esses incensos?
Moon: Para atrair ideias, oras.
Locutor-sama: Ah! Agora entendi.
Moon: Ainda bem.
Cola-sama: As ideias gostam de cheiro de canela? Essa é novidade, pra mim.
Moon: Você sempre reclama! Estou apenas querendo colaborar com as ideias. Estou deixando um ambiente agradável o bastante, assim elas se sentem bem-vindas.
Cola-sama: Ainda acho que você pirou na batatinha.
Moon: Não tem importância. O que interessa é o cheiro de canela, dentro desse escritório!
Cola-sama: E quando as ideias se sentirem atraídas para cá, o que vai fazer? Escrever?
Moon: Não, primeiro vou usar a rede de pescar ideias.
Locutor-sama: Sabia que existia!
Moon: Enfim, assim que elas forem capturadas, eu terei mais chances de fazer acontecer.
Cola-sama: Ah. Parece chato.
Moon: Não é chato! É interessantíssimo. É claro que eu preferia, apenas conversar com elas e pedir colaboração de maneira pacífica, mas…
Locutor-sama: Não é assim que as coisas funcionam.
Moon: Exato! É muito mais complexo. As ideias querem conforto! Confiabilidade! Ar condicionado, porque elas parecem não ter noção do aquecimento global…
Cola-sama: Ar condicionado já é pedir muito.
Moon: Também acho isso, mas as ideias são muito… Desconfiadas, é a palavra que eu queria usar? Não sei. Às vezes as palavras não me vem na cabeça. E fico com essa cara de idiota!
Cola-sama: Sim, de fato, você fica.
Locutor-sama: Cola-sama! Francamente, a senhorita Moon não está com tempo e paciência para as suas… sinceridades.
Moon: Sinceridades! Você está sendo elegante demais. Quando a sinceridade ofende, é pura grosseria.
Cola-sama: Vou tentar me lembrar disso. *pega um bloquinho de notas* Está vendo? Estou disposta a registrar a sua, memorável frase.
Moon: *dá de ombros* Registrar a frase não significa que, você vai registrar no seu caráter.
Cola-sama: Essa frase nem faz sentido.
Moon: Faz sentido. Na minha cabeça. E é isso que importa!
Locutor-sama: Hoje é um daqueles dias, que não dá para se discutir com a autora.
Essa é uma história sobre uma cozinha… Uma cozinha que precisa de iluminação, urgente! Pode ser no sentido metafórico.
Começamos nossa aventura com o pinguim P-san com uma mochila de aventureiro. Ele tinha uma missão dificílima a ser cumprida… Significa muita coragem da parte dele, aceitar participar dessa história! Imagem o risco que o nosso querido pinguim pode sofrer?
P-san: Autora, eu tenho muitas perguntas. A primeira é, esse microfone é do Locutor-sama?
Moon: Sim, eu peguei emprestado. E sua segunda pergunta?
P-san: Ah. A minha segunda pergunta é: Eu sou seu querido pinguim?
Moon: Quando coloquei você como “nosso” estou me incluindo nisso, pois é relacionado com “nós” na primeira pessoa do plural. *fecha o dicionário* Não seja inseguro, meu querido e aventureiro pinguim.
P-san: Está bem! *respira fundo* Qual é o problema que você tem, por aqui, Moon?
Moon: É simples. Eu preciso que você faça essa luz da cozinha funcionar.
P-san: *olha para cima* Nossa, isso é realmente muito arriscado.
Moon: Não se utilize de sarcasmo, eu já tenho que aturar isso do Locutor-sama, e francamente, é bem chato.
P-san: Certo. Como é que vou fazer isso funcionar? É mais fácil eu sair para comprar uma lâmpada!
Moon: Acho que você não está entendendo, a gravidade da situação. Isso é um problema complexo.
P-san: Ah! Complexo. É no mundo “real”, o que está acontecendo?
Moon: Sim! Eu quero toda a sua boa vontade para, fazer isso funcionar no mundo “real”.
P-san: *pensa um pouco* Aí você já está querendo pedir demais, de mim. Não sou nenhum eletricista, ou coisa do gênero. Nem viajo entre dimensões… Ao menos não na sua.
Moon: Realmente! Estou esquecendo desses detalhes. A realidade é mais estranha que a ficção!
P-san: Sim, a realidade é mais estranha que a ficção. Mas isso não significa que, a ficção pode se meter na realidade.
Moon: Nossa! Esse é um bom complemento, para a frase. Você é incrível com as palavras, meu quero pinguim.
P-san: Obrigado! Fico feliz em ser valorizado.
Moon: Mas não se acostume demais, com os elogios. Isso pode te deixar mal acostumado e bastante pretensioso.
P-san: Ah… Está bem, está bem. Prometo não me tornar um pinguim pretensioso.
Moon: Não é para mim que tem que prometer, mas para si mesmo. Não adianta nada querer agradar, e sem querer mudar para si. Pode querer mudar pela convivência com os outros, mas não apenas para os outros.
P-san: Essa é uma história sobre uma cozinha com luz queimada, e de repente estamos filosofando.
Moon: Depois de passar por 2019, é assim. Tem que se filosofar, em histórias engraçadas. É uma questão de sobrevivência!
P-san: É um ponto de vista. Afinal de contas, o psicológico tem que sobreviver.
Moon: Claro!
P-san: Mas sobre a lâmpada…
Moon: Eu quero que ela volte a funcionar. Magicamente..
P-san: Mas a lâmpada está queimada!
Moon: Está queimada? Não sei. Cadê a força de vontade??
P-san: Não vejo como a minha força de vontade, possa fazer isso funcionar.
Moon: Mas você é um pinguim com muita determinação, para vender.
P-san: Bobagem! Vou-me embora. Se voltar a funcionar magicamente, eu fico feliz. De qualquer modo, obrigado por chamar-me para fazer outra história. Estou sempre a disposição.
Moon: Tá bom! Mas agradeço sua boa vontade em participar. Vamos ver… Precisamos terminar essa história com estilo.
P-san: Ou com algo clássico.
Moon: Sim! Como a minha vontade de comer pão de queijo.
P-san: Aí está, o seu final da história.
As paredes têm ouvidos… Tudo mundo fala isso, mas eu nunca vi. Como assim, é modo de dizer? Mas… E SE FOR VERDADE?
Locutor-sama: Autora em um momento de reflexão, eu pensei em algo. Posso lhe transmitir?
Moon: Desembucha! Fale de uma vez. E não enrole! Estou aqui com zero paciência, para os seus mistérios misteriosos.
Locutor-sama: É sobre o título das suas histórias… De onde eles surgem? Podem formar uma história nova, só juntando todo o texto que você escreve nesses títulos.
Moon: Eu tento não pensar muito. Assim eu dou risada, depois que vou reler a história!
[Alguém bate na porta do escritório.]
Moon: Quem bate?
Kekekê: É o friooooo!
Moon: Kekekê deixe de bobeira! Sei que é você. Entre logo!
Locutor-sama: Kekekê, o duende! Como vai você, amigo de todos?
Kekekê: Olá Locutor! Tudo bom? Vou bem, obrigado por perguntar. Você parece ótimo! O que está a fazer, você, o narrador e sua autora?
Locutor-sama: Estou trocando ideias com a autora, quer participar?
Kekekê: *pensa um pouco de responder*É troca de figurinhas?
Locutor-sama: Não, não. Estou dando ideias, para uma história!
Kekekê: Mas isso é proibido!
Locutor-sama: Por quê? Não entendo, qual é o problema de trocar ideias?
Kekekê: Claro que não! As ideias da Moon são perigosas demais nas mãos de outros.
Locutor-sama: Não vou escrever a história, só estou jogando conversa fora. Em um passeio com a senhorita Moon, chegamos há conclusão que as paredes tem ouvidos.
Kekekê: Ah!
Locutor-sama: “O dia que as paredes tomaram conta do Estúdio Happy Green Things. E resolveram contar o que elas ouvem, por aí”.
Kekekê: *cai para trás* É uma história de terror?
Locutor-sama: Pode ser! Quem sabe. Ou suspense! Uma história mágica.
Kekekê: Eu hein, que coisa.
Locutor-sama: Mas podia ser interessante.
Kekekê: A Tuta andou contratou mais gente? Para fazer uma história mágica, precisa de mágicos!
Locutor-sama: Ora, senhor Kekekê… E aquela história toda, que as paredes têm ouvidos? E bocas? Elas… Contam segredos que foram esquecidos, há muito tempo.
Kekekê: Estou curioso, com essa história, que você está contando! Comece do começo, por favor. Fiquei interessado em saber onde isso vai dar!!
Locutor-sama: Senhor Kekekê, eu fiz uma descoberta, em minha própria casa. Foi daí que nasceu uma luz na minha cabeça.
Kekekê: Nasceu uma lâmpada?
Locutor-sama: Não! Eu tive uma ideia, e quis vir hoje para o estúdio, conta-la para a autora.
Moon: Quanto suspense para contar! Fale de uma vez, homem.
Locutor-sama: Estava assistindo programas de cachorro, por causa do meu cãozinho Amendoim. E de repente, eu escutei vindo de uma parede… A seguinte frase: Alô, alô! Tem alguém aí? Virei-me e disse… Sim, voz misteriosa. Tem eu, o narrador Locutor-sama! Quem és tu, ó voz desconhecida? A parede me responde. Eu sou a parede da sua casa! Se você parar para me ouvir, pode escutar as minhas histórias. Ao invés de ver televisão… Pois eu vejo tudo, escuto tudo. Eu sei de tudo! Então eu, com uma mistura de encantamento e espanto a respondi. Caramba, você é uma verdade parede multifuncional! Não sabia disso, quando comprei o apartamento. Então, Locutor! Mande um recado para a autora, a Parede falou Todos os grandes títulos que ela coloca nas histórias, tem origem nas paredes do corredor do estúdio! E toda vez que ela se sentir sem ideias, ela que ande pelo corredor. As paredes são a resposta, pois ela sempre tem novidades. Afinal, nós somos fofoqueiras! Fim. E foi assim que vim parar aqui, senhorita autora. Achei que deveria trocar esses pensamentos, com você, me pareceram promissores. O que acha sobre o assunto, senhor Kekekê?
Kekekê: Você nunca chama a Moon de senhorita autora…
Locutor-sama: Estou tentando inovar. Mas não vai falar o que achou?
Kekekê: Achei uma ideia ótima! E assustadora. Não vou dormir a noite, pensando nas minhas paredes.
Locutor-sama: Fique tranquilo, senhor Kekekê, as paredes da sua casa são feitas da natureza. Elas jamais dirão coisas ruins e que irão, por consequência, assustá-lo.
Kekekê: Ainda bem!
— O que foi essa história…? Não sei. A colaboradora dessa historinha foi a minha mãe. Obrigada!
São diversas coisas que você pode fazer durante o dia, mas não esqueça de cumprir as suas responsabilidades!
Estúdio de Criação da Moon, Happy Green Things.
[O Locutor-sama está andando no correndo, enquanto assobia uma musiquinha. Estava muito bem humorado. Quando chegou em frente da porta do escritório da autora, teve um pressentimento. Respirou fundo, e finalmente abriu a porta.]
Locutor-sama: Bom dia, senhorita Moon. Como estão as coisas hoje?
[O escritório está com cheiro de tinta. Há uma mesa colocada a mais, esta com jornal cobrindo-a. Em cima tem uma escultura em forma de coração, feita de papel machê.]
Moon: Ah! Olá narrador, eu só estou me relembrando de outros tempos.
Locutor-sama: É? Não vejo você com paciência para montar um negócio desses, se posso ser sincero.
Moon: Você já é bastante sincero, sem minha permissão, narrador. Não tem problema.
[Silêncio. O narrador está preocupado que tenha acontecido alguma coisa.]
Moon: Você está quieto, e que eu saiba não é seu dia de folga. Fale alguma coisa, Locutor-sama. O fato de eu estar pintando esta escultura, te incomoda? Não gosta da cor de vermelho que eu usei?
Locutor-sama: Está uma boniteza a escultura, e a cor fora muito bem escolhida. Não tenho muito o que dizer agora, pois realmente estou curioso em saber o porquê, de ser justo em formato de coração.
[Moon pensa um pouco antes de responder.]
Moon: É fácil de fazer. E estou querendo aprimorar meus talentos artísticos, nem que seja apenas na minha imaginação. Ou na minha dimensão. São quase a mesma coisa.
Locutor-sama: De fato, ela são. Mas estou preocupado.
Moon: Não há nada que se preocupar, meu caro Locutor. Eu só estou fazendo arte. Não há nada de errado nisso.
Locutor-sama: Está bem. Se você diz, senhorita Moon, está dito. Não tenho nada a acrescentar, então.
[Locutor resolve sentar-se no sofá do escritório, pensativo. A autora termina o seu trabalho e deixa ele secando em cima da mesa.]
Moon: Vou lavar as mãos. Não mexa em nada, nem na pelúcia do P-san que está sentada na minha cadeira!
Locutor-sama: Está bem. *olha em direção da cadeira, vê a pelúcia de pinguim ali*
Moon: Olhe lá, hein?
Locutor-sama: Só estou olhando!
[Moon faz sinal que está de olho, sai do escritório em direção do banheiro. O narrador fica sozinho com a escultura, e a pelúcia de pinguim. Locutor levanta do sofá, e vai até a cadeira da Moon.
Locutor-sama: Para quê ela trouxe isso aqui…
Pelúcia do P-san: *em silêncio, observando atentamente*
Locutor-sama: O fato da autora se preocupar em constar o que você está fazendo, pelúcia, significa que… *fala baixo* Você se mexe?
Pelúcia do P-san: *continua em silêncio*
Locutor-sama: Ah! Essas brincadeiras criativas, da senhorita Moon! *ri nervosamente* Realmente, não sei o que estava pensando…
[A autora retorna para o escritório, de mãos limpas.]
Moon: Que está fazendo, parado olhando para a pelúcia?
Locutor-sama: Só estava olhando autora, só estava olhando…
Há caixas de todos os tamanhos, e suas formas quadradas. E isso não é nada de diferente, mas os seus conteúdos podem ser bem o oposto do que nós imaginamos.
No escritório da autora, em Happy Green Things.
Moon: *lendo o jornal, da Cidade dos Cinco Monumentos* Minha nossa! Um homem é encontrado tendo uma festa de chá, com uma girafa. Novamente! Que coisa mais maluca para se acontecer!
P-san: Não sei. Pode parecer uma escolha peculiar pra ti, Moon, mas para um homem solitário que gosta de chá, não duvido de nada.
Moon: Como assim, você não duvida de nada?
P-san: Parece-me um homem bastante imaginativo. E pessoas que gostam de chá são bastante esquisitas.
*o pinguim está bebendo uma xícara de chá*
Moon: Chá quente, nesse calor?
P-san: É chá gelado. Estou tomando em uma xícara, só porque sou elegante.
Moon: Certo. Mas acabou de dizer, P-san, que pessoas que gostam de chá são bastante esquisitas.
P-san: Mas eu não sou uma pessoa. Sou um pinguim!
Moon: Teoricamente um pinguim.
P-san: Não importa. Sou um pinguim e ponto final.
Moon: E esquisito.
P-san: Esquisito? Eu?
Moon: Lógico! Ou está se contradizendo?
P-san: Mas eu disse que—
Moon: Olhe, meu querido pinguim. Você é esquisito, disso já sei. Agora quanto mais você insistir que não é esquisito, mais esquisito será.
P-san: Que lógica!
Moon: Sim. Pois é.
P-san: Mais alguma coisa no jornal?
Moon: Sim. Um peixinho dourado viaja de trem através do país.
P-san: Um peixinho dourado?
Moon: Um peixinho dourado.
P-san: Não acredito nisso!
Moon: Está aqui, no jornal. Não é questão de acreditar que isso aconteceu, né. Pois sou eu que estou escrevendo os títulos das matérias, para encaixar a história. Mas de qualquer modo, pode ter acontecido. Sabe como são as coisas por aqui…
P-san: Sei. Mas você sabe disso, melhor do que eu!
Moon: Pode até me dizer isso, porque sou a escritora das histórias. Mas eu não vivo no mundo que criei, 24 horas por dia. Eu sou só uma participação especial. E também tem a metalinguagem…
P-san: Sim, sim! A metalinguagem, muito importante.
Moon: De qualquer modo, meu caro, o que vai aprontar hoje?
P-san: Não sei ainda. Quero dizer, eu não vou aprontar nada. Caramba, autora! Venho te visitar, e você diz que vou…
Moon: Não vai? Você é um pinguim de dois metros. Deve aprontar altas confusões!
P-san: Caramba. Não posso ser um pinguim de dois metros, e ir no supermercado fazer compras para uma festa?
Moon: Poder, pode. Mas chama a atenção, quando entra em um supermercado.
P-san: Você não sabe o supermercado que eu frequenta.
Moon: Vai me dizer que existe um supermercado de pinguins??
P-san: Não vou afirmar, nem negar.
Moon: Agora resolveu bancar o misterioso. Legal.
Tem vezes que a vida te surpreende de diversas formas, por coincidência quando você não espera ser surpreendido.
No escritório da autora, em Happy Green Things.
Moon: Quando eu era criança, eu adorava desenhar no paint. Considerava tudo que eu criava uma verdadeira obra-prima.
Locutor-sama: É mesmo?
Moon: E mesmo depois de anos, gosto de pensar que minhas habilidades artísticas NO PAINT, continuam excelentes.
Locutor-sama: Vejo que não aprendeu a ter humildade, senhorita Moon. O segredo de uma boa arte, é apenas expressar os sentimentos do artista. Acha que conseguiria retratar a humildade?
Moon: Ora! Engraçadinho. É um sentimento abstrato demais para ser retratado.
Locutor-sama: Isso mostra como você é uma pessoa orgulhosa…
Moon: Deixa de bobagens, narrador. Eu vou retratar um cisne e pronto!
Locutor-sama: Um cisne?
Moon: Cisne.
Locutor-sama: Que interessante.
Moon: Sim, um cisne é interessante! Volte daqui a pouco, quando eu terminar.
Locutor-sama: Está bem.
[Locutor-sama sai rapidamente e volta.]
Locutor-sama: Terminou?
Moon: Terminei! Eis o meu cisne.
Locutor-sama: Isso não parece um cisne.
Moon: Tentei desenhar de cabeça.
Locutor-sama: Ah. Está explicado.
Moon: O que está explicado?
Locutor-sama: O porquê de parecer um pato.
Moon: Isso não parece um pato.
Locutor-sama: Talvez não. Mas também não parece um cisne.
Moon: Ele é um meio termo, que não é pato nem cisne! Minha nossa!
Locutor-sama: Muito interessante.
Moon: Pode dizer outra coisa, além de interessante?
Locutor-sama: Não. Interessante é uma boa palavra.
Moon: Como você é um cabeça dura!
Locutor-sama: Mas eu gosto da palavra interessante.
Moon: Tá bom, tá bom. Vou respeitar o seu gosto.
Locutor-sama: Obrigado.
[Hello entra repentinamente, na sala da autora, após abrir as portas do escritório de maneira extravagante]
Moon: O quê é, Hello?
Hello: Tem uma dúvida para tirar.
Moon: Fale, então. Não fique aí, parada olhando para mim e para o Locutor-sama.
Hello: Diga-me… Quem é Gerard?
Moon: Gerard? Não sei.
Hello: Mas Moon, apareceu uma correspondência na Casa Verde com esse nome.
[Hello coloca na mesa, e o Locutor pega para olhar o envelope com a carta.]
Moon: Eu não conheço nenhum Gerard.
Locutor-sama: Parece que ele é o remetente desta carta.
Moon: É? Que coisa interessante.
Locutor-sama: Você não parece interessada.
Hello: E nem curiosa! A carta é pra você!
Moon: Eu?
Hello: É.
Moon: Nossa. Ninguém manda carta pra mim.
Hello: Eu sei!
Moon: Então você andou escrevendo uma carta, e colocou seu nome como Gerard?
Hello: Quê? Não!!
Moon: Traz a lupa, Locutor. Nós vamos analisar isso.
Locutor-sama: Com todo o respeito, não temos nenhuma lupa no escritório, senhorita Moon.
Moon: Como não??
Locutor-sama: Só estou expondo um fato.
Hello: Puxa vida! Você não confia na minha palavra?
Moon: Não é isso. É que essa ideia não faz sentido mesmo… Estava perdida em um rascunho do blog.
Hello: É??
Moon: Eu anotei com qualquer coisa assim… Que esse aí, ia querer que eu visse isso.
Hello: Esse aí quem?
Moon: O Gerard.
Locutor-sama: Ninguém fala assim, senhorita Moon.
Moon: Não pegue no meu pé, narrador. É só uma ideia esquecida! Só isso.
Quando se trata de ser levemente baseada em fatos reais, a história pega um certo tom de… de… Realismo! Não, não é arte nem literatura. É REALIDADE.
No corredor, na Casa Verde.
Moon: Há uma figura triste, sentada bloqueando o caminho de um dos quartos da Casa Verde. O motivo disso ainda não é conhecido por mim, a autora dessa história. Vamos questionar a personagem em questão. Qual é o seu problema, caríssima Sabrina?
Sabrina: *sentada no chão e abraçada com os joelhos* Nada.
Moon: Como nada? Estamos falando de você! E até onde sei, não há nada relacionado aos peixes. A sua pessoa é um peixe?
Sabrina: Não.
Moon: Exatamente! Então diga logo, o que há com você para estar tão triste?
Sabrina: Apenas algo ridículo que aconteceu comigo.
Moon: É? O que é de tão ridículo, para ter acontecido com você?
Sabrina: Eu pensei que uma tampa de xampu fosse, um bicho.
Moon: OOOOOOOH!
Sabrina: Pode rir.
Moon: Não vou rir. Cadê a Clarissa? Clarissa! Nessas horas faz falta um megafone.
Sabrina: Você é a autora da história. Pode simplesmente fazê-la aparecer de repente, se faz tanta questão. Mas acho um tanto anti profissional.
Moon: Só porque é conveniente? Não estou no humor para criar histórias altamente complicadas, e cheias de inconveniências para os meus personagens.
Sabrina: E a minha história ridícula??
Clarissa: *aproxima-se do corredor, e finalmente passa pela Sabrina, agora apenas sentada próxima perto da porta de seu quarto* Que história ridícula?
Moon: A Sabrina pensou que, uma tampa de xampu fosse um bicho.
Clarissa: Essas coisas acontecem! Uma vez o Vlad encontrou uma caixa de biscoitos, e pensou que fosse uma caixa para guardar coisas de costura.
Sabrina: É? Mas não é tão ridículo quanto a minha história!
Clarissa: Não sabia que estava acontecendo uma competição de histórias ridículas. Mas mudando de assunto, como aconteceu esse engano?
Sabrina: Bom… Estava meio escuro, no meu banheiro.
Clarissa: Por que? A luz do banheiro queimou?
Sabrina: Não. A luz do banheiro está forte demais, então só acendo a luz do espelho.
Moon: Até porque, UMA PESSOA NORMAL, compraria luz para o banheiro assim que ela falhasse, não?
[Clarissa senta no chão, perto da Sabrina]
Sabrina: Não estou entendendo… *cochicha para a Clarissa*
Clarissa: Nem eu. Sabe-se lá o que a autora quis dizer com isso…
Moon: Mas não importa esses detalhes! E por tudo isso, você não voltou mais no seu banheiro?
Sabrina: Sim. Ainda não voltei, pois me exaustei por causa dessa humilhação.
Clarissa: Amiga, você está dramatizando um pouco…
Moon: Chega dessa palhaçada! Eu vou lá ver a bendita tampa de xampu.
Sabrina: Tome cuidado. Nunca se sabe o que pode acontecer…
*Moon entra no quarto da Sabrina, e logo chega no banheiro*
Moon: AAAAAAAAAAAAAAaaaaaaah!
[Sabrina e Clarissa se levantam e vão até a autora]
Sabrina: O que aconteceu? O que aconteceu?
Moon: É um bicho! UM BICHO!
Sabrina: É só a tampa do xampu…
Moon: Tola! Esse bicho é o bicho que vem assombrar os escritores, pois estão buscando aqueles com histórias inacabadas.
Clarissa: Para mim ainda é uma tampa de xampu.
Moon: Uma fada pode ter transformado nisso, que acabei de descrever.
Clarissa: *se abaixa para pegar* Viu? É só uma tampa de xampu.
Moon: Ainda estou desconfiada…
Sabrina: É apenas o símbolo da minha humilhação.
Clarissa: O que vou fazer com vocês duas…
— Não que isso tenha acontecido comigo, é claro. É absurdo demais para ser levemente baseado em fatos reais!
— Essa história tem um pequeno erro de continuidade narrativo, em homenagem à Five Doctors. Só percebemos o erro quando revemos na Véspera de Natal.
É aquele dia de novo, na verdade, os dias se repetem todos os anos. Exceto quando os anos são bissextos. Que coisa estranha, não concordam?
Na sala dos funcionários de Happy Green Things.
Lalali: É um bonito dia, não concorda caro colega?
Hércules: Sim. É estranho pensar que estamos sendo agraciados com tempo bom.
Lalali: De fato. A autora está nos honrado com bom humor!
Cola-sama: Ou talvez ela pouco se importe, com o clima que temos por aqui.
Lalali: Não seja uma reclamona e estraga-prazeres. Até mesmo você andava de bom humor!
Hércules: Sério? Eu só acredito vendo.
Lalali: Sim. É verdade. Também só acreditaria vendo. Mas vi! Com os meus dois olhinhos.
Hércules: Sei. Deve ter sido uma visão e tanto!
Cola-sama: Onde está a dona autora, numa hora dessas…
No salão de festas, do estúdio Happy Green Things.
Moon: Cerque a ideia, Locutor-sama!
Locutor-sama: Eu não tenho cercas do bolso, senhorita Moon!
Moon: Não importa! Cerque essa ideia fugitiva do mesmo modo.
Locutor-sama: Já disse que eu não…
Moon: VOLTE AQUI, IDEIA NÚMERO #87b, eu preciso da sua experiência em contar dinheiro extraterrestre!
Locutor-sama: Tenho até medo de perguntar para que você quer um desses.
Moon: Não faça comentários desnecessários! Apenas corra!
Locutor-sama: Nós dois corremos como dois loucos pelo estúdio, atrás dessa ideia que a autora simplesmente decidiu que, seria interessante usá-la de algum modo.
Moon: Como é que você consegue narrar correndo??
Locutor-sama: Um narrador personagem tem que estar preparado para tudo. Até mesmo narrar enquanto está embaixo da água, procurando pela cidade perdida de Atlântida.
Moon: *para de correr, não aguenta mais* Você tem cada uma.
Locutor-sama: Eu não tenho cada uma, autora.
Moon: Tem razão! Você tem várias.
Locutor-sama: Autora! Está vendo aquilo?
Moon: Estou vendo aquele chocolate com tracinho separando as palavras, mas imagino que você deve ter notado qualquer coisa mais interessante.
Locutor-sama: De fato! Eu achei.
Moon: Uma mancha causando o efeito de pareidolia?
Locutor-sama: Não! É a ideia #023-6.
Moon: Dá para me lembrar qual é essa? Não estou a reconhecendo.
Locutor-sama: É o elo perdido, que fecha sua ideia que está trabalhando há anos!
Moon: Não… Não é possível…
Locutor-sama: Devemos tentar cercá-la?
Moon: Não. Você disse que não tem cercas. Ou esqueceu?
Locutor-sama: Não sei…
Moon: Vamos tentar persuadi-la!
Locutor-sama: Certo. Você vai utilizar de palavras convincentes? Eu tenho um dicionário.
Moon: Você tem um dicionário, mas não tem uma porcaria de uma cerca? Muito bonito!
Locutor-sama: Muito obrigado.
Moon: Não! *bate com a mão na testa* Olhe só o que você fez, paspalho. Agora fiquei com dor na minha testa, e a ideia fugiu.
Locutor-sama: É mesmo uma pena…
Moon: E bota pena nisso! Que chatice.
Locutor-sama: Nós podíamos ter convencido-a pedindo por favor. Nenhuma ideia resiste a isso.
Moon: Mas você não entende de ideias.
Locutor-sama: Um narrador tem que entender das ideias. Caso contrário, ele é inútil relatando os acontecimentos.
Moon: Ai, ai… Já vi que você está impossível, hoje. Desisto de caçar ideias por hoje.
Locutor-sama: Ainda bem. Estou doido para tomar sorvete de maracujá.
Moon: Sinta-se a vontade. Só me deixe em paz, no meu canto sim?