[Matilde está em uma doceria, esperando pela sua irmã Martha. Ela comprou bombas de chocolate, e comia enquanto esperava. Não estava muito cheio, mas a atmosfera do lugar estava animada. Estava sentada sozinha, em uma cadeira com mesa do lado de dentro.]
Matilde: *Pensando* Fazia séculos que não vinha nessa doceria! Eles continuam com técnicas ótimas, para customizar o doce, e ainda por cima ficar gostoso.
[A fada está se esforçando ao máximo para manter o bom humor, porque não queria estregar o dia que iria passar um tempo com a irmã, em um lugar tão feliz quando essa doceria]
Martha: Cheguei, Matilde! Desculpe por te fazer esperar.
Matilde: Não, tudo bem.
Martha: Fazia tempo que não te via comendo bomba de chocolate. *senta na cadeira em frente da Matilde*
Matilde: Sim, desde que eu era criança. A idade chega, e a gente fica assim, nostálgica!
Martha: Matilde! Primeiro, eu sou mais velha que você. Segundo, você já comeu bomba de chocolate quando adulta.
Matilde: Ora, Martha! É óbvio que sim. Mas o que quero dizer é, não é a experiência única de quando se é criança. Que tudo ainda é novidade.
Martha: Entendi, minha cara irmã. Mas sabe, a vida é sempre nova de experiências. Mesmo que as coisas pareçam as mesmas, sempre há um brilho diferente pra se enxergar.
Matilde: Ah! *vira os olhos* A bela filosofia das fadas.
Martha: Eu acho bonito. Não fique assim! Bom. *dá de ombros* Se você ficasse de bom humor, o tempo todo da visita, eu ficaria estranhando, achando que vim para o lugar errado, e ainda por cima com a pessoa errada.
Matilde: É que eu ando preocupada com a Moon.
Martha: Ah, eu ouvi os personagens comentando sobre a autora.
Matilde: O que acha que posso fazer?
Martha: Fazê-la escrever. Mas não queira achar que magia de fada, funciona em gente teimosa.
Matilde: Ainda bem que nisso, nós duas concordamos.
Martha: Eu já tentei usar em você…
Matilde: Eu sabia!
Martha: Mas a energia da teimosia, canalizada pra alguma coisa útil, pode ser proveitosa para a criatividade.
Matilde: Ah, isso eu sei. É um consolo, de certa forma. Como estão suas férias?
Martha: Chatíssimas. Eu estou fazendo uma terapia, por causa do meu vício de trabalho.
Matilde: Ah! Então você finalmente me ouviu.
Martha: Bom, uma hora não ia dar mais pra fugir dessa realidade.
Matilde: Bela filosofia de fada.
Martha: É sarcasmo, dessa vez?
Matilde: Não!
Martha: Bom, eu vou pedir bombas de chocolate. Você recomenda?
Matilde: Sim!
Martha: Ótimo. E que bom que já pudermos conversar um bocado.
Matilde: Concordo.
Fadas são criaturas interessantes, pois elas tem um senso de humor incomum… O quê? Você achou que falaria que elas são interessantes, porque sabem voar?
Locutor-sama: A fada Matilde foi até o SPA em que sua irmã Martha é dona, fazer uma rápida visita para ela. O local estava vazio, então não precisou se preocupar se estava atrapalhando o trabalho da irmã mais velha. A fada trouxe um presente, em um pacote muito bem embrulhado. A fada Martha está sentada em uma cadeira, na recepção. A mesa tem um notebook com bichinhos fofos.
Matilde: Martha! Olá, olá. *Matilde carrega o presente, em uma sacola pendurada no braço.*
Martha: Olá, Matilde, como você está? Faz tempo que não a vejo, vindo me visitar no trabalho.
Matilde: É verdade! *pensa um pouco* Eu te trouxe um presente. *coloca o pacote na mesa*
Martha: Puxa vida… Um presente, pra mim! Fora de época, ainda por cima. *olha para o pacote, com atenção* O quê é?
Matilde: Não tem graça se eu dizer. Pode abrir, eu quero ver sua expressão surpresa.
Martha: Ah, vá. Me dê uma dica, ao menos. Você sabe que não gosto de ser surpreendida…
Matilde: Desde quando?
Martha: Desde que entraram um monte de dinossauros, aqui dentro.
Matilde: *resmunga algo incompreensível* Está bem. É de comer.
Martha: Você fez?
Matilde: Sim.
Martha: Então, é uma torta de abóbora!
Matilde: O quê? Não! É lógico que não é uma torta de abóbora.
Martha: Não? Mas combina com você!
Matilde: Até minha irmã, me acusa de ser uma bruxa.a
Martha: Eu não disse isso.
Matilde: Mas insinuou!
Martha: Isso eu não nego.
Matilde: Não é uma torta de abóbora.
Martha: Então, bolo de abóbora!
Matilde: Não! Não!
Martha: Tem certeza?
Matilde: Tenho certeza. Não tem nada a ver com abóbora.
Martha: Ah. Mas tem a ver com tortas?
Matilde: Sim. Tem a ver com torta.
Martha: Pena que não é torta de abóbora. Vou ter que visitar minha amiga bruxa.
Matilde: Puxa, você quer torta de abóbora e não uma torta que sua irmã fez??
Martha: Calma, sua fada impaciente. Irei abrir e resolver a questão, de uma vez por todas.
Matilde: Finalmente!
[A fada Martha abre o pacote. É uma torta de morango.]
Martha: É uma torta de morango!
Matilde: Sim. É uma torta de morango… É a primeira vez que faço uma, e gostaria que você experimentasse.
Martha: *emocionada* Nossa! Que honra!
Matilde: Sim. É uma honra mesmo… Pois me deu muito trabalho, e valorizo sua opinião. Então a honra de você experimentar é minha, não sua.
Martha: Tá bem! Vou trazer os talheres… E todo o resto! E para você também.
Matilde: Tá bom.
Martha: Pensando melhor, vamos para a cozinha.
[Pouco tempo depois.]
Martha: Minha nossa! Está excelente, sua torta de morango.
Matilde: Que bom que você gostou…
Martha: Gostei bastante. Vou comer mais um pedaço. E você? Gostou?
Matilde: Gostei também. Estou orgulhosa do meu trabalho.
Martha: É assim que se fala.
— Confesso que não faço ideia de como um SPA funciona. Nem que se tem uma cozinha… HOHOHOHO
Paciência, é um jogo de cartas. Tem um chamado IRA? Não?
Locutor-sama: Observo a fada Matilde em uma plateia, de uma corrida. Os carros tinham competidoras também fadas, em um campeonato que ocorria algumas vezes por ano.
Matilde: Eu não sabia que tu era fada, Locutor-sama. *olha para o Locutor sentado do lado esquerdo dela*
Locutor-sama: Tenho passe livre para entrar em diversas coisas.
Matilde: É mesmo? Que interessante.
Locutor-sama: Eu imagino que deveria estar mais tranquila, afinal de contas a senhora veio aqui para relaxar.
Matilde: Minha irmã, que combinou comigo para assistirmos essa joça ainda não veio. E você quer que essa “senhora” relaxe??
Locutor-sama: Uma vez, eu chamei um dinossauro de senhora. Não estou querendo tocar no assunto delicado, que é a idade de uma dama.
Matilde: Bah! Tanto faz.
Martha: Matilde! Matilde! Desculpe a demora.
Matilde: Sabe, você poderia ter vindo aqui usando, sei lá, pó de fada.
Martha: Ha ha ha! Não precisa se preocupar com isso. E é bom esticar as asinhas!
Matilde: Tanto faz. Senta aí.
Martha: *faz como a Matilde pede, senta no lado direito da irmã*
Matilde: Sabe, eu não sei para quê tu me convidou para vir.
Martha: Corridas são divertidas! Não seja tão estraga prazeres, com esse mau humor todo.
Matilde: Eu não estou mal humorada.
Martha: Imagina se estivesse…
Matilde: É que corrida de carros com fadas não faz o menor do sentido!
Martha: Como não? Olha, vou explicar para você de um modo simples. Os carros tem que dar três voltas…
Matilde: Eu sei como funciona! Está achando que sou burra?
Martha: Lógico que não. Então, qual é exatamente o problema?
Matilde: Fadas voam!
Martha: E você vê problema com isso?
Matilde: Claro! É como aquele ouriço azul, tem cabimento ele estar em um carro de corrida??
Martha: Eu não sabia que tinha um ouriço azul, correndo. Ele não sabia que é ilegal, em um campeonato que é apenas permitido fadas?
Matilde: Você só pode estar de graça comigo. Mas se não entendeu a referência, paciência.
Martha: Sei lá, eu nunca fui muito ligada com Metodologia Científica na faculdade…
Matilde: É, mas agora parece que a dona Moon está cismada com isso.
Martha: Não é bom, encontrar alguma paixão?
Matilde: Essa corrida nem é emocionante! A do carro rosa com preto parece que está andando na velocidade de uma tartaruga!
Martha: Ah, deve estar pagando alguma promessa. Não é bom julgarmos as pessoas sem a conhecermos, maninha.
Matilde: Você sempre com a sua visão otimista.
Martha: Bem, eu adoro corrida de carros. E não é o seu humor que vai estragar!
Locutor-sama: A corrida termina. A vencedora sai do carro, e Martha muda sua expressão tranquila para outra, indignada com a vida.
Martha: É um ouriço! UM OURIÇO EM UMA CORRIDA DE FADAS! Eu não acredito nisso! *começa a xingar*
Matilde: Não há dúvidas, você é mesmo da família. Obrigada por me lembrar como somos parecidas, irmã.