No escritório da autora, em Happy Green Things.
Moon: Eu posso ser uma pessoa esforçada, como pode ver.
Locutor-sama: Estou vendo, senhorita Moon.
Moon: Ora, não poupe elogios.
Locutor-sama: Não vejo como trocar o papel de parede para um fundo do mar vai ajudar.
Moon: Use a sua imaginação! Ela é muito importante, sabe.
Locutor-sama: Sim, eu sei disso.
Moon: Se você sabe, então deve utilizá-la com cautela.
Locutor-sama: Com cautela? Sim, eu estou entendo.
Moon: Ótimo, ótimo! O mar pode ser uma grande fonte de inspiração para nós, os escritores.
Locutor-sama: Imagino que sim, senhorita Moon.
Moon: E o fundo do mar pode guardar grandes mistérios!
Locutor-sama: Como Atlântida.
Moon: Como Atlântida! Esse meu narrador é mesmo muito inteligente.
Locutor-sama: Obrigado.
Moon: Mas não é esse tipo de mistério que eu procuro.
Locutor-sama: E então, o que procura?
Moon: Está aí uma boa pergunta! Eu queria saber o que procuro. Devo pensar mais? Não, estou cansada de pensar!
Locutor-sama: Tenho certeza que vai aparecer alguma ideia luminosa.
Moon: Sempre tão otimista! Sim, uma ideia. Elas sempre aparecem… Mas eu não posso ficar sentada, esperando! Há muito trabalho a ser feito.
Locutor-sama: Vejo que está muito animada com essa perspectiva.
Moon: Mas é claro! É a chave de tudo isso. Se você não ficar animada com as coisas, a vida não vai para frente.
Locutor-sama: Profundo.
Moon: Preferia ter comprado um papel de vista para o mar, sabe…
Locutor-sama: Você pode fazer isso noutro dia.
Moon: Sim! Tem razão, meu caro. Ah! As ideias… O mistério é algo intrigante, Locutor-sama.
Locutor-sama: Normalmente, sim.
Moon: Eu gosto de coisas intrigantes. E elas tem que assustar, nem que seja um pouquinho.
Locutor-sama: Uma história para segurar o leitor.
Moon: Exato, meu caro narrador! Caramba, mas ainda assim… Sinto que falta uma linha.
Locutor-sama: Com todo o respeito, sempre falta uma linha, senhorita Moon.
Moon: É, sempre falta! Teimo em perder todas elas… Francamente! Devo ser mais cuidadosa.
Locutor-sama: Tenho que concorda. Caso contrário, as coisas não vão para a frente.
Moon: Mas elas tem que ir, mais cedo ou mais tarde.
Locutor-sama: Concordo. Só que, autora, é melhor você tomar o controle de tudo isso.
Moon: O controle! Uma grande responsabilidade.
Locutor-sama: Na vida sempre vai encontrar responsabilidades.
Moon: Responsabilidades parecem servir apenas para complicar ainda mais a vida.
Locutor-sana: Veja por um ponto de vista diferente. Um desafio a ser enfrentado!
Moon: É, talvez eu possa olhar por esse lado.
Locutor-sama: Tenho certeza que as coisas serão diferentes quando fazer isso, autora.
Moon: Está bem, meu caro narrador. Sempre tão otimista!
Pode correr, mas não irá se esconder de um furo no plot! Ou será que foi um dinossauro?
Escritório da autora no estúdio Happy Green Things.
Moon: Estamos em um momento que precisamos inovar, meu caro narrador.
Locutor-sama: Explique-me como uma estátua de dinossauro vai nos ajudar com isso.
Moon: Dinossauros são o símbolo da novidade!
Locutor-sama: Eles estão extintos.
Moon: A concorrência era muito invejosa. E não estão extintos, basta acreditar que eles ainda existem!
Locutor-sama: Francamente, eu esperava coisa melhor.
Moon: Você apenas sabe reclamar! Mesmo quando estou me esforçando tanto…
Locutor-sama: Sim, está se esforçando muito.
Moon: Ainda bem que consegue reconhecer isso!
Locutor-sama: Nesses momentos só adianta tentar agradá-la.
Moon: O que quer dizer com isso?
Locutor-sama: Você entendeu muito bem o que esse narrador quis dizer.
Moon: Ah, é mesmo? Como você é engraçado!
Locutor-sama: Eu não sou engraçado.
Moon: Não seja tão modesto!
Locutor-sama: Senhorita Moon! Por favor!
Moon: Eu não fiz nada de errado. O que você tem contra essa adorável estátua?
Locutor-sama: Ela não é adorável, autora. E ocupa um grande espaço!
Moon: Não seja chato. Mas olhe só para ele! Tem olhos do estilo anime!
Locutor-sama: E isso deixa a visão ainda mais perturbadora.
Moon: Acha mesmo? Eu deveria ter escolhido a versão de óculos escuros.
Locutor-sama: Um dinossauro com óculos escuros??
Moon: Não precisa ficar tão surpreso! Dinossauros também se preocupam com moda.
Locutor-sama: Não posso acreditar nisso.
Moon: Pois acredite! O que seríamos nós sem a crença? Deixaríamos de ser fadas!
Locutor-sama: Nós nunca fomos fadas.
Moon: Caramba, hoje você está muito chato!
Locutor-sama: Eu não sou chato.
Moon: É, sim. Fim de discussão!
Locutor-sama: A discussão só vai terminar com você tirar essa estátua daqui!
Moon: Me obrigue!
Locutor-sama: Está certo. Deixa a estátua aqui.
Moon: Os incomodados que se mudem, já dizia o ditado.
Locutor-sama: Não vamos ultrapassar dos limites do bom senso.
Moon: Mas nós já fizemos isso!
Locutor-sama: *respira fundo*
Moon: Certo, talvez essa estátua ocupe um grande espaço.
Locutor-sama: Eu disse!
Moon: Olhando bem, como foi que ela passou pela porta?
Locutor-sama: Como ela passou pela porta…
Moon: É, narrador. Como ela passou pela porta?
Locutor-sama: Não precisa repetir. Se você não sabe, muito menos eu.
Moon: Fascinante! Um mistérios em nossas mãos. Não está fascinado com o fato, narrador?
Locutor-sama: Posso ser honesto?
Moon: Não. O que há com você? Perdeu seu senso de humor?
Locutor-sama: Meu senso de humor não permite essas coisas.
Moon: Que coisas?
Locutor-samas: Discussões desnecessárias.
Moon: Olha só isso! Um botão na estátua. Nunca vi isso. *pressiona o botão*
Locutor-sama: A estátua diminuiu.
Moon: Mistério resolvido! Vai dar um ótimo peso de papel.
E todos viveram felizes para sempre.
Quando se está aqui, não se está lá! Ah! Que inteligente da sua parte.
No escritório da autora, em Happy Green Things.
Moon: Locutor-sama, há algo que está me incomodando.
Locutor-sama: E o que é, senhorita Moon?
Moon: Se-
Locutor-sama: Se?
Moon: Hm… Oh, não é nada importante.
Locutor-sama: Mas está a incomodando, de qualquer forma.
Moon: Sim, Locutor. Sabe… *começa a andar pelo escritório, pensativa* Se uma árvore cai em uma floresta, e ninguém está lá para ouvir… *vira para o narrador* Ela ainda faz barulho?
Locutor-sama: Eu não sei, senhorita Moon. E é isso mesmo que a está incomodando? Esperava algo mais interessante.
Moon: Coceira nas costas?
Locutor-sama: Está começando a agir como uma senhora de idade, autora.
Moon: Talvez. Talvez sim, talvez não.
Locutor-sama: Não tinha nenhuma ideia melhor para uma historinha?
Moon: Na verdade eu tenho, Locutor. Eu apenas estou atrasada no cronograma. O que significa!
Locutor-sama: Santo Deus, Senhorita Moon… Não faça essas pausas dramáticas! Só eu posso fazer isso.
Moon: O que significa que eu tenho todo o direito de escrever-
Locutor-sama: Eu acabei de pedir para você não fazer essas pausas. *suspira*
Moon: Talvez você esteja certo. A ação é necessária!
Locutor-sama: Acredito que está perdida na sua linha de pensamentos.
Moon: Ação, Locutor. Que tipo de ação nós precisamos??
Locutor-sama: Algo que não seja uma simples conversa dentro do seu escritório, imagino.
Moon: Ah! Ah! Sim, sim. É, algo do gênero…
Locutor-sama: Se está sem ideias-
Moon: Silêncio narrador! Há algo fazendo barulho, no lado de fora.
Locutor-sama: Eu não estou ouvindo nada.
Moon: Shh! Mas será possível que você não sabe fazer silêncio?
Locutor-sama: Segundo a Tuta-sama…
Moon: Caramba! Não era barulho de nada, então? Ou será que..
Locutor-sama: Essa história está cheia de reticencias.
Moon: É uma formiga cantando enquanto toma banho?
Locutor-sama: Eu não acho que-
Moon: Formigas não cantam quando tomam banho? Pois deveriam! É, elas deveriam. Mas elas não cantam…
Locutor-sama: Estou ficando cada vez mais confuso.
Moon: Era de se esperar, meu caro narrador. Mas não se preocupe!
Locutor-sama: Eu deveria ficar preocupado, quando a minha criadora começa a escrever coisas que não fazem o menor sentido.
Moon: É, talvez.
Locutor-sama: E você continua pensando.
Moon: É muito bom pensar, sabia disso?
Locutor-sama: Sim. Mas não é bom pensar demais.
Moon: Tem razão. E é por isso que… Nós precisamos disso!
Locutor-sama: De cabeça?
Moon: Nós precisamos usar as nossas células cinzentas.
Locutor-sama: Como Poirot?
Moon: Caso contrário, não teremos uma boa história para contar.
Locutor-sama: Entendo.
Moon: E eu estava tão adiantada com o meu cronograma no mês passado…
Locutor-sama: Não olhe para o passado.
Moon: Sim! Eu olharei para o futuro! Será brilhante.
As memórias mais importantes são aquelas que tempos back-up!
No estúdio de Happy Green Things, escritório da autora.
Locutor-sama: Senhorita Moon, nós temos um problema.
Moon: Você vai falar da minha fantasia de ninja, não é?
Locutor-sama: Não, é que nós estamos atrasados no cronograma.
Moon: É… A vida é muito corrida. Quando você pisca, já é natal. Não é assustador? E pisca de novo… E é meu aniversário. Locutor, eu não tenho pressa de ficar velha!
Locutor-sama: Não precisa ficar tão assustada. Nós estamos ainda em novembro.
Moon: Você ouviu o que eu disse? A vida é muito corrida.
Locutor-sama: Pensei que você havia dito que a vida é uma corrida.
Moon: Ouviu errado.
Locutor-sama: Se a vida é uma corrida, onde nós somos todos corredores, o que está na linha de chegada?
Moon: Eu não estou com vontade de discussões filosóficas.
Locutor-sama: Todo momento deveríamos ter discussões filosóficas.
Moon: Isso seria terrível.
Locutor-sama: Acha mesmo?
Moon: Os filósofos do passado iriam aparecer vindo de uma máquina do tempo!
Locutor-sama: Tenho certeza que isso iria bagunçar a linha de tempo.
Moon: Exato!
Locutor-sama: Autora, você não está com vontade de escrever… Ou é só impressão a minha?
Moon: É só impressão! E eu queria descobrir o porquê do fio dos fones de ouvido do computador SEMPRE se enrolarem lá atrás.
Hello: *abre a porta do escritório com força* É COISA DOS DUENDITOS!
Moon: Faça o favor de colocar os quadros que estavam pendurados na parede.
Hello: Oh… Me desculpem. *faz o que a Moon pediu*
Moon: O que faz por aqui?
Hello: Bom, eu estava de boas andando pela Casa Verde e…
Moon: E?
Hello: Procurando pelo Rose Garden…
Moon: Você errou a porta, apenas.
Hello: Eu gosto de pensar que a minha vida é mais interessante do que a sua.
Moon: Se veio aqui para discutir, acho melhor você ir para a Tuta.
Hello: Ela não quis me atender. Não é um desaforo?
Moon: As pessoas não tem obrigação de te aturar…
Hello: Você está muito maldosa, hoje. Foi o refrigerante, não foi? Sim, sempre é o refrigerante.
Moon: Onde está querendo chegar? Ah, eu não sei porque ainda perco tempo fazendo perguntas…
Hello: Soube que os gases do refrigerante falam insultos!
Moon: Deixa eu adivinhar. Você enlouqueceu?
Locutor-sama: A Senhorita Hello parece só estar querendo atenção, autora.
Moon: Oh, pobrezinha! Dá uma paçoca para ela, que vai embora.
Locutor-sama: Nós não temos paçoca, autora.
Moon: É claro. Nós não temos paçoca! Nunca temos paçoca!
Hello: Não tem paçoca? Que absurdo! Nunca mais volto aqui…
*Hello vai embora*
Moon: Foi mais fácil do que pensei.
Locutor-sama: Estranho.
Eu rirei por último… *pausa dramática* Oh. Como assim, as piadas acabaram??
Estúdio da autora, no escritório.
Moon: Um dia, estarei rindo de tudo, Locutor-sama.
Locutor-sama: É?
Moon: Rir é uma coisa boa.
Locutor-sama: É o que dizem.
Moon: Você duvida do que dizem?
Locutor-sama: Não, porque eu duvidaria?
Moon: Deveria duvidar!
Locutor-sama: Não soque a mesa, senhorita Moon.
Moon: Temos que duvidar sobre tudo!
Locutor-sama: Incluindo a gravidade?
Moon: Principalmente a gravidade!
Locutor-sama: A gravidade nunca me faz mal nenhum.
Moon: A gravidade é algo útil.
Locutor-sama: Útil? Ela é extremamente necessária!
Moon: É. De fato!
Locutor-sama: Você está ciente do que está falando?
Moon: Mas é claro que estou!
Locutor-sama: Não, não está.
Moon: Estou sim!
Locutor-sama: Autora. Nós não vamos discutir sobre isso.
Moon: Nós temos que discutir sobre tudo. É o que fazemos!
Locutor-sama: Pensei que nós contássemos histórias!
Moon: Nós podemos contar histórias sobre discussões.
Locutor-sama: Espero que não sejam sobre discussões de internet.
Moon: Não seja ridículo! Eu não faria uma coisa ridícula dessas.
Locutor-sama: Ainda bem.
Moon: Mas nós podemos fazer outra coisas ridículas.
Locutor-sama: De que tipo?
Moon: Usar chapéus engraçados!
Locutor-sama: O que tem de engraçado nesse chapéu de dinossauro que está nas suas mãos?
Moon: Ele sabe contar piadas.
Locutor-sama: Mas você não entende a língua dos dinossauros.
Moon: É mesmo! O chapéu é inútil.
Locutor-sama: Nem tanto. Pode servir como peso de papel! *coloca ele na mesa*
Moon: Tem razão! Mas para que papéis?
Locutor-sama: Esses papéis. *aponta para papéis no chão*
Moon: Ah, esses papéis.
Locutor-sama: Não desperdice papel.
Moon: Eles não são um desperdício!
Locutor-sama: Não são?
Moon: Não! Eles são círculos mágicos.
Locutor-sama: Não coloque papéis com círculos mágicos desenhados, no chão! E se eles funcionarem?
Moon: Não se preocupe. Eles não vão funcionar.
Locutor-sama: Não vão mesmo?
Moon: Não! Um pouco decepcionante, se quer saber.
Locutor-sama: Não entende como é perigoso, não é?
Moon: Eu só entendo de coisas que podem se tornar boas ideias!
Locutor-sama: Não, isso é mentira também.
Moon: Pombas! Você adora me contrariar.
Locutor-sama: Já disse que eu tenho compromisso com a verdade, senhorita Moon.
Moon: Certo, senhor politicamente verdadeiramente eloquente e correto!
Locutor-sama: Isso foi comprido.
Moon: *bate com a mão na testa* Eu deveria ter te chamado de paralelepípedo.
Locutor-sama: Me chamar assim não é um exagero?
Moon: Histórias fictícias vivem de exageros, caro narrador.
Locutor-sama: Certo, certo. Eu acredito em você!
Moon: Sim, sim. Agora, Locutor-sama…
Locutor-sama: Vai dizer algo de importante?
Moon: Sim, narrador!
Locutor-sama: Diga de uma vez, então. Não faça suspense!
Moon: A história acaba aqui!
Locutor-sama: Deve achar isso muito engraçado, não é?
Quando se faz algo, existe aquela sensação recompensadora de… de… algo? Algas! Não, espera um minuto!
No estúdio Happy Green Things, no escritório da autora.
Moon: Estou acabando as histórias de setembro! Faltam apenas oito, contando com essa. Apesar que é cedo demais para comemorar…
Locutor-sama: Nunca é cedo demais para se comemorar, senhorita Moon.
Moon: Acha mesmo?
Locutor-sama: Sim! Você coloca o seu coração nisso… E começa a comemorar!
Moon: Parece fácil.
Locutor-sama: Sim, mas antes de comemorar…
Moon: Oi?
Locutor-sama: Você deve terminar de escrever as histórias primeiro.
Moon: Pensei que havia dito que nunca é cedo demais para se comemorar!
Locutor-sama: Eu pensei novamente.
Moon: Entendo.
Locutor-sama: Senhorita Moon…
Moon: O que foi?
Locutor-sama: Olhar para a tela não fará a história ser escrita.
Moon: Sei disso.
Locutor-sama: Sabe mesmo?
Moon: Lógico que sei!
Locutor-sama: Então escreva.
Moon: Estou tentando! Mas não consigo.
Locutor-sama: Não consegue?
Moon: Não.
Locutor-sama: Autora… Isso é porque fiquei deitado na minha cama?
Moon: Não, não. Estou apenas decidindo o que irei escrever a seguir.
Locutor-sama: Está decidindo isso olhando para o computador?
Moon: Sim!
Locutor-sama: Você não decidi coisas olhando para o computador.
Moon: É?
Locutor-sama: Não é um método muito bom.
Moon: Mas é eficiente!
Locutor-sama: Não, não é não!
Moon: Como você é chato, narrador.
Locutor-sama: Eu não sou chato.
Moon: É chato, sim!
Locutor-sama: Isso não vai fazer que eu escreva a história para você.
Moon: E quem disse que EU quero que você escreva a história para mim?
Locutor-sama: Ninguém disse.
Moon: Ninguém?
Locutor-sama: Mas estou com uma leve desconfiança…
Moon: A sua desconfiança está errada, oras!
Locutor-sama: Não, não! O sexto sentido desse narrador nunca falha.
Moon: Você tem sexto sentido?
Locutor-sama: Todos nós temos um sexto sentido.
Moon: Temos mesmo?
Locutor-sama: Sim.
Moon: Que perigoso!
Locutor-sama: Não estou falando de ver fantasmas.
Moon: Oh. Ainda bem!
Locutor-sama: Ver fantasmas é, de fato, muito perigoso.
Moon: Acha mesmo?
Locutor-sama: Existem muitos fantasmas de cantores de ópera.
Moon: Esse seu medo não é racional!
Locutor-sama: Medos não são para serem racionais.
Moon: Se medos pensassem, ia ser muito assustador.
Locutor-sama: Essa foi a melhor piada que você pensou?
Moon: Não é uma piada! É apenas uma reflexão inocente.
Locutor-sama: Que frase inteligente. Ótima para colocar em um pôster. Usando Comic Sans.
Moon: Um pôster com Comic Sans?
Locutor-sama: Sim.
Moon: Está louco? Eu odeio Comic Sans!
Locutor-sama: O que você tem contra a fonte Comic Sans?
Moon: Ela é uma fonte feia.
Locutor-sama: Você é gourmet?
Moon: Que absurdo! Fonte não é comida.
Locutor-sama: E assim a história termina com uma verdade que todos já sabiam.
Moon: Não termine uma história de maneira sarcástica!
Mantenha o foco! Mas isso não quer dizer que você deve manter comprar um aquário gigante e colocar o marido da foca!
Locutor-sama: É mais um dia no escritório da senhorita Moon no estúdio Happy Green Things. O que será que há na mente da autora, que olha para um copo alto que está escrito Argentina nesse momento?
Moon: *segurando e analisando o copo* Não se fazem mais sucos de uva como antigamente, meu caro narrador. Eu não quero viver mais nesse planeta!
Locutor-sama: E eu esperando algo mais sério. Como sou um homem tolo!
Moon: Os sucos de uva tem gosto de química, e mancham o copo. Explique isso!
Locutor-sama: Químico?
Moon: Eu não queria que você explicasse, sabe.
Locutor-sama: Não queria? Eu sinto muito. Existem momentos em que seu narrador simplesmente não a entende.
Moon: Não refira a si mesmo na terceira pessoa.
Locutor-sama: Tem razão, não é dramático o suficiente. Mas soa mais irônico, não concorda?
Moon: Você está me ironizando? *levanta da cadeira subitamente*
Locutor-sama: Um narrador como eu tem o direito de ficar entediado.
Moon: Ah, é mesmo…? Você está é querendo divertir-se às minhas custas! *aponta para o narrador*
Locutor-sama: Com todo o respeito, mas a senhorita não tem um tostão no bolso.
Moon: Não use “com todo o respeito” para escapar de parecer mal educado.
Locutor-sama: Então eu não posso tentar ser engraçado…?
Moon: Não. *senta novamente na cadeira*
Locutor-sama: Ser dramático todo o momento requer muita energia e criatividade, senhorita Moon. Eu gostaria que você entendesse, existem momentos que preciso ser engraçado.
Moon: Para quê? Impressionar garotas?
Locutor-sama: É essa imagem que eu passo para você…? Do tipo que perde horas da vida tentando impressionar mulheres?
Moon: Então… Para quê você quer ser engraçado?
Locutor-sama: Para fazer os outros rirem gratuitamente.
Moon: Você deveria cobrar por isso. É mais lucrativo!
Locutor-sama: Autora, não seja como a Tuta-sama…
Moon: Hmm? Eu estou me transformando em um guaxinim, por acaso?
Locutor-sama: Não foi isso que eu quis dizer.
Moon: Oh. Não?
Locutor-sama: Não.
Moon: Entendo. *volta a observar o copo*
Locutor-sama: O que há de tão interessante nesse copo?
Moon: Ele é alto.
Locutor-sama: É?
Moon: É.
Locutor-sama: Deve ser difícil secá-lo por dentro com um pano de prato.
Moon: Bastante.
Locutor-sama: E como você faz?
Moon: Eu peço para a fada mágica secar o copo para mim.
Locutor-sama: Não acredito nisso.
Moon: Não diga uma coisa dessas! Isso faz fadas desaparecerem.
Locutor-sama: Sinto muito.
Moon: Se bem que a Tuta iria gostar se a Matilde desaparecesse.
Locutor-sama: A Tuta-sama não é insensível assim.
Moon: Sim, ela é. E a Matilde também não iria me fazer falta.
Locutor-sama: Ela é mãe de duas crianças.
Moon: E…?
Locutor-sama: Tenha piedade.
Moon: Tem razão, terei piedade. Mas! Isso não quer dizer que essa autora aqui vai perdoar as indústrias por terem estragado o suco de uva!
Locutor-sama: As indústrias não se importam com a sua opinião.
Moon: Tem razão! Elas só se importam com os lucros.
Locutor-sama: E então a autora ficou em silêncio, pelo resto desse dia. O que é uma tremenda mentira, porque nunca que na vida real seria entretenimento o suficiente para ela, analisar um copo!
Uma coisa que você vê sempre, só é importante quando não existe mais…?
No escritório da autora, em Happy Green Things.
Moon: Nós tivemos tantos bons momentos juntos… Paris. Atrás de nós dois tinha a Torre Eiffel. Era um momento único entre nós dois.
Locutor-sama: Você nunca foi a Paris!
Moon: Cale a boca.
Locutor-sama: Mas você nunca-
Moon: A nossa combinação era perfeita, nós éramos perfeitos um par o outro! Inseparáveis! Divertidos!
Locutor-sama: Era só um copo.
Moon: NÃO ERA SÓ UM COPO! ERA o copo, seu narrador ignorante. Mas em 11 de agosto ele foi quebrado, junto com todos os meus sonhos.
Locutor-sama: Isso é muito triste. Veja pelo lado bom, agora pode fazer monólogos dramáticos.
Moon: Era o que eu estava tentando fazer, mas você veio me cortar.
Locutor-sama: Não é uma pessoa dramática o suficiente, autora.
Moon: Do que está falando, pombas? Eu sou a autora! Escrevo todas as suas frases!
Locutor-sama: Isso não quer dizer nada.
Moon: O que é isso? Revolução??
Locutor-sama: A revolução dos bichos.
Moon: De onde saiu esse porquinho com uma taça de vinho?
Locutor-sama: Que horror, senhorita Moon. É de causar tanto espanto assim, ver algo aparecendo do nada das suas histórias? Estou decepcionado. Nunca esperava que você iria se tornar uma pessoa tão sem graça de repente. É porque não tem escrito ultimamente?
Moon: Eu tenho escrito ultimamente!
Locutor-sama: Pensar nas suas história não conta.
Moon: Conta sim!
Locutor-sama: Senhorita Moon…
Moon: Que foi?
Locutor-sama: Nada.
Moon: Você ia falar algo, narrador! Diga algo.
Locutor-sama: Por que a galinha ia atravessar a rua?
Moon: Ela ia? Quer dizer que não atra- Espera, não era isso o que você ia falar.
Locutor-sama: Não era, de fato.
Moon: Por que você não me diz o que ia falar, então?
Locutor-sama: Por um motivo bem simples.
Moon: E qual seria?
Locutor-sama: Esqueci o que eu ia falar.
Moon: Você esqueceu o que ia falar agora??
Locutor-sama: Não, antes.
Moon: Sério? Mas… Como isso aconteceu?
Locutor-sama: Você deixou o Royal Story aberto.
Moon: E o que isso tem a ver com tudo isso?
Locutor-sama: A senhorita distraiu-se com um joguinho simples, fazendo seu personagem narrador esqueceu o que ia falar!
Moon: Ah, isso não é grande coisa.
Locutor-sama: Claro que é grande coisa!
Moon: Eu não acho.
Locutor-sama: Pois eu acho!
Moon: Que besteira.
Locutor-sama: E se fosse alguma frase super hiper dramática?
Moon: Você não tinha dito que eu não estava sabendo ser dramática ou coisa do tipo? Cara, eu já esqueci o que você ia falar.
Locutor-sama: Senhorita Moon, enquanto estiver com o jogo aberto… Você não vai prestar atenção no que está escrevendo.
Moon: Não importa! Estou escrevendo apenas porque minha energia está carregando.
Locutor-sama: As histórias caíram para segundo na sua lista de prioridades?
Moon: A minha lista de prioridades está sempre mudando, sabia?
Locutor-sama: Isso é pior ainda!
Moon: Agora com licença. Eu vou ao banheiro, refletir sobre como a vida é triste sem meu copo azul!
Locutor-sama: No banheiro?
Moon: Assim você não me interrompe!
Locutor-sama: Divirta-se.
Quem é o culpado do outro entrar em crise, o narrador ou a autora? O dinossauro, é lógico!
No estúdio Happy Green Things.
Moon: Ainda bem que você acabou logo com a sua crise, Locutor-sama! Estava tudo na sua cabeça, e felizmente foi algo que resolveu-se logo.
Locutor-sama: Não acredito que você ainda acha isso.
Moon: Eu acho isso o quê?
Locutor-sama: Que eu estava com alguma crise.
Moon: Lógico que estava!
Locutor-sama: Não, eu não estava.
Moon: Vai discordar de mim?
Locutor-sama: Não comece, senhorita Moon. Sabemos muito bem como essa discussão vai acabar.
Moon: Sei, comigo certa e você errado!
Locutor-sama: Existe algo na vida além de estar certo e errado.
Moon: É mesmo?
Locutor-sama: Nós dois sabemos muito bem o porquê de que eu estava num momento de crise, em primeiro lugar.
Moon: Sabemos? Claro que sabemos!
Locutor-sama: Você escreveu minha crise pois estava cansada da minha narrativa dramática em primeiro lugar.
Moon: Eu? Absurdo! Calúnias. Todo mundo sabe como eu adoro sua narrativa e seu tom de voz dramático.
Locutor-sama: E eu sei melhor que ninguém, como você cansa facilmente de algo que usa com frequência.
Moon: Ora, Locutor. Não seja exagerado! Por mais que isso seja verdade, eu jamais canso do seu estilão.
Locutor-sama: Isso é o que você diz.
Moon: Não fique se preocupando com besteiras!
Locutor-sama: Eu nunca fico me preocupando com besteiras.
Moon: Mas você está preocupando com uma nesse momento!
Locutor-sama: Não, eu não estou.
Moon: Tá, tá. Tanto faz! E outra coisa.
Locutor-sama: Qual é a coisa agora?
Moon: Não fica bem você ficar falando aí, que sabe do casamento da Hello e do Barman no futuro!
Locutor-sama: Não acha que já perdeu o momento para brigar comigo sobre isso?
Moon: Lógico que não! Pode ter acontecido algumas histórias no meio do caminho, mas eu nunca esqueço de algo que me aborreça.
Locutor-sama: Depois sou eu que me aborreço com besteiras…
Moon: O que tem a dizer em sua defesa?
Locutor-sama: Que o casamento do Barman e da senhorita Hello é algo óbvio.
Moon: Pode ser para você, mas não os leitores!
Locutor-sama: Tenho certeza que os mais atentos já notaram a sua intenção, apesar de enrolar o relacionamento dels.
Moon: Não enrolo coisa nenhuma!
Locutor-sama: Você enrola, sim.
Moon: Não!
Locutor-sama: Com muitas piadas, e escrevendo como a senhorita Hello fosse boba ou algo do gênero.
Moon: Mas ela é boba!
Locutor-sama: Não devo ter me expressado direito, senhorita Moon. Ela pode ser boba, mas não burra.
Moon: Está querendo dizer que ela sabe que o Barman gosta dele esse tempo todo?
Locutor-sama: Caso ela já não tenha percebido isso, ficarei bastante decepcionado.
Moon: Ela, perceber isso! Tenho certeza que você vai ficar decepcionado.
Locutor-sama: E tenho certeza que você vai mantê-la se fazendo de boba só para provar que estou errado.
Moon: Não sei, quem sabe? Vou onde a escrita me levar.
Locutor-sama: Quanta profundidade em uma frase!
Moon: Isso, fica me zoando.
O teclado, a distração, algo que está acontecendo em uma dimensão paralela… Quando você se atrapalha quando está escrevendo., não importa o motivo.
Escritório da autora, Happy Green Things.
Locutor-sama: Senhorita Moon!
Moon: Quem, quando, onde? Locutor! Espero que seja importante.
Locutor-sama: Normalmente eu chamo quando são coisas importantes.
Moon: Normalmente! Ah. Isso é muito interessante.
Locutor-sama: Algo me diz que já se arrependeu da decisão de escrever histórias diárias em julho.
Moon: Oh, não! Eu não me arrependi.
Locutor-sama: E você estava dormindo?
Moon: Eu? Lógico que eu não estava dormindo. Apenas estava deitada em cima do teclado, imitanmdo o barulho de um motor.
Locutor-sama: O teclado está obviamente… babado.
Moon: Babado! Não, isso não é baba. Coisa nojenta, Locutor!
Locutor-sama: Autora!
Moon: Essa história não faz o menor sentido. Primeiro, eu nunca durmo em cima do teclado. Segundo, se eu realmente fizesse isso teria um problema ainda pior de dor no pescoço.
Locutor-sama: Na verdade, você não tem muito o que falar.
Moon: Eu tenho muito o que falar, sim!
Locutor-sama: Então fale.
Moon: Bom…
Locutor-sama: Está vendo? Eu tenho razão.
Moon: Razão! Lógico que você tem. É o senhor da verdade.
Locutor-sama: Não sou senhor da verdade coisa nenhuma.
Moon: Claro que é. Um narrador sempre é senhor da verdade!
Locutor-sama: Então sou o senhor da verdade até você achar que não.
Moon: Ah! É justo.
Locutor-sama: Sim, você acha justo divertir-se às minhas custas.
Moon: Isso tudo é por causa da história das torradas?
Locutor-sama: Você tirou a ideia disso de um anúncio de rede social.
Moon: Não entendo porque era uma propaganda para o dia dos namorados… Torrada! Odeio torradas.
Locutor-sama: Vejo que compartilha a opinião da Sabrina.
Moon: Eu não tenho nada contra torradas.
Locutor-sama: Não? Não mesmo?
Moon: Só quero que sumam da face da Terra! Melhor ainda, do espaço.
Locutor-sama: Então sua opinião é muito mais forte do que a Sabrina.
Moon: Céus, e daí? Locutor, a opinião de uma escritora não faz muita diferença.
Locutor-sama: Faz sim. Você faz que a sua opinião seja a palavra final de tudo.
Moon: Se não for a minha opinião, da autora, quem vai dar o final? O ponto! A importância de tudo que está sendo escrito?
Tuta-sama: Eu!
Locutor-sama: Tuta-sama!
Moon: De onde você veio?
Locutor-sama: De algum lugar.
Tuta-sama: Não vim de nenhum lugar. Estou sempre presente! Estou na sua frente agora, por exemplo.
Moon: Na verdade, acho que joguei você para cima da minha cama.
Tuta-sama: Quanta falta de respeito! Mas não mude de assunto.
Moon: Mudar de assunto? Do que estamos falando, exatamente?
Tuta-sama: Ah, sei lá. Vou embora!
Locutor-sama: Tuta-sama se foi.
Moon: Sim, mas ela volta. Ela sempre volta.
Locutor-sama: Há algo te incomodando?
Moon: Estamos no quarto dia de julho e já estou escrevendo uma história para enrolar.
Locutor-sama: Mas isso é normal.
Moon: O quê?
Locutor-sama: Quero dizer… Tenho certeza que esse tipo de história é bastante divertidade de ler.
Moon: Ah, bom.