Aquele senhor de idade gostava muito de viajar. Ele ia sempre de cidade em cidade, para conhecer seus costumes. Ia de trem, de ônibus, avião, ou até mesmo a pé, dependendo de sua situação financeira. Um dia, ele chegou numa estranha cidadezinha. Diferente das outras cidades que visitava, não se ouvia sons de risos ou de pessoas conversando alegramente nesse lugar. As lojas, as casas… não tinham nada de extraordinário. Eram comuns, todas tinham o mesmo estilo de construção. Ele observou as pessoas por um tempo, quando um garoto passou, ele fez a seguinte pergunta:
– Garoto, por acaso vocês usam a imaginação por aqui?
– Imaginação? Do que o senhor está falando?
– Imaginação, garoto! É quando usamos nossa criatividade, temos idéias e criamos algo novo…!
– O senhor deve estar louco. Essas palavras não existem!
Decepcionado, o senhor virou-se para trás. Pensou “Como pensei. Mas… como um lugar desses ainda existe?” Ele foi embora. Não tinha nada o que fazer por ali. Talvez o lugar mudasse com o tempo… ou não? Isso dependia das pessoas que viviam naquela cidadezinha.
O garoto viu o senhor indo embora da cidade, e ficou intrigado. Que palavras eram aquelas? Por que nunca tinha ouvido falar…? Mistérios. Ele resolveu ir para casa, e quando chegasse lá ia perguntar para sua mãe o que era essa palavra… “imaginação. Essa palavra não saia da cabeça dele.
Quando chegou em casa, se dirigiu a cozinha, aonde sua mãe costumava ficar. Dirigindo-se a ela, perguntou: “Mãe, o que é imaginação?” Ela ficou pasmada. Aquela palavra não devia ser dita, ainda mais vinda de uma criança! “Aonde você ouviu isso?” Respondeu ela. “Ora, um senhor me perguntem isso hoje, na rua.” A mãe não sabia mais o que dizer. Os habitantes daquela cidade estavam proibidos de usar a imaginação. “Escute, filho. Eu acho melhor você ir para o seu quarto…” Era o que costumava dizer quando o garoto perguntava algo que não podia responder. “Mas, mãe…” Ela se dirigiu para o fogão, como se estivesse pensando em cozinhar algo – era sinal que o garoto devia ir embora, sem reclamar para não atrapalhar.
No quarto, o garoto percebeu que havia algo estranho acontecendo. Ele olhou para a janela. De repente, começou a aparecer seres inacreditáveis. Não fazia idéia o que eram aqueles… bichos. Se é que podia chamá-los assim. “São dragões.” Ele virou para trás. O homem que havia perguntando sobre imaginação havia voltado. Não sabia o que dizer… voltou para a janela, e ficou olhando por mais algum tempo aqueles dragões. Depois virou-se para o homem e perguntou: “Ué, o senhor não tinha ido embora?” O senhor voltou-se para a janela e guardou os dragões numa grande cartola. “É, talvez o garoto não tivesse mesmo interessado….” pensou. De qualquer jeito, respondeu: “Eu voltei para descobrir o motivo de vocês não usarem a imaginação.” “Mas… o que é a imaginação…?” Perguntou o garoto. Em vez de responder, o senhor pegou a cartola novamente… várias coisas saíram da cartola. Agora, não eram dragões… Eram pássaros, cavaleiros, donzelas… coisas que o garoto nunca havia visto! “Imaginação…” começou o senhor “É uma coisa incrível. Nem todas as pessoas do mundo conseguem tê-la. Talvez seja um pouco difícil de te explicar, garoto. Mas se você vê, sente e escuta, imaginação não é tão difícil. Basta querer…” O homem sumiu.
O garoto ficou parado, surpreso pensando nas coisas que acabava de ver. Alguém batia na porta. Era a sua mãe. “Aconteceu alguma coisa…?” O garoto sorriu. “Não, mãe, não aconteceu nada…” Ele se dirigiu à sua cama e se deitou. “Imaginação…” Adormeceu. Desde aquele dia, então, o garoto aprendeu a usar a imaginação…