Pixie Tales

Não sei exatamente o motivo, mas quando a chuva vem, o sono acompanha. Coisa bizarra, não concordam?

No apartamento da Matilde, de noite.
Kekekê: Estou entediado, minha cara.
Matilde: Está falando comigo ou com a sua própria cara?
Kekekê: A minha cara não é dona do seu apartamento.
[A fada folheia uma revista, sentada no sofá. Kekekê está na poltrona.]
Kekekê: Não gostou da minha resposta?
Matilde: Não gostei, mas nem vou falar.
Kkekekê: Me desculpe.
Matilde: Tudo bem. Se tiver entediado, tem louça pra lavar.
Kekekê: Louça pra lavar? AQUI? Quem é você, e o que fez com a minha esposa Matitde?
Matilde: Estava me referindo na casa da Tuta. É dia de folga da Beta.
Kekekê: Mas eu não quero lavar a louça.
Matilde: Então continue entediado.
Kekekê: Direta, como sempre!
Matilde: Sou uma fada que preza por precisão nas minhas palavras.
Kekekê: É. Eu sei disso, melhor que ninguém.
Matilde: Ainda bem. Isso prova que você é espero.
Kekekê: Não é questão de esperteza, e sim de sobrevivência!
Matilde: Sempre tão espirituoso, com esse tipo de comentário.
Kekekê: Gosto de te impressionar.
Matilde: Depois de tantos anos de casamento?
Kekekê: Mas é lógico.
Matilde: Quanta consideração da sua parte.
Kekekê: Faço o que posso!
Matilde: Bom! *fecha a revista, e coloca em cima da mesa* Vamos pra casa da Tuta.
Kekekê: Mas eu não quero ir, lavar a louça.
Matilde: Você disse que estava entediado.
Kekekê: Verdade, mas na verdade, eu só queria que você me desse atenção.
Matilde: Você não é cachorro, pra fazer charminho pra ter a minha atenção.
Kekekê: Ainda bem que continuo charmoso.
Matilde: O que quer fazer, então?
[A luz pisca. Mas a energia fica estabilizada.]
Matilde: Pensei que teríamos que fazer jantar a luz de velas.
Kekekê: Ótima ideia! Eu trouxe um negócio que você vai gostar.
Matilde: O quê?
[Kekekê tira uma vela de barco do gorrinho. Tem embutido com ela uma luminária.]
Matilde: Isso é surpreendente. Faz muitos anos, desde que vi esse gorrinho que guarda tralha.
Kekekê: Ele não guarda tralha! São coisas. E surpresas, porque só vi hoje o que tinha dentro dele.
Matilde: Quanta coragem! Mas gostei da vela-luminária.
Kekekê: Sabia que você ia gostar!
Matilde: Deve ser assim, o romantismo dos piratas.
Kekekê: Eu concordo.
Matilde: Mas é estranho pensar em piratas românticos.
Kekekê: Eu discordo. O mar é um excelente cenário romântico!
Matilde: Você é um sonhador.
Kekekê: E você, muito pragmática.
Matilde: Deve ser por isso, que a gente combina.
Kekekê: De fato.
Matilde: Vai querer chá gelado?
Kekekê: Aceito! Deixe que eu te ajudo, a arrumar a mesa.
Matilde: E a vela não vai caber na mesa.
Kekekê: Mas eu ainda nem tentei colocar!
Matilde: É óbvio que não vai caber! Ela é gigante!
Kekekê: Tem razão, tem razão. Estou esquecendo do óbvio!