No estúdio Happy Green Things. Escritório da Moon.
Locutor-sama: Autora, muito bom dia. Como vai você?
Moon: Estou bem, meu caro amigo narrador. Só estou ajudando limãos a fazer uma revolução.
Locutor-sama: Só mais um dia comum, então.
Moon: Dia comum! Que absurdo, que audácia sua me dizer isso!
Locutor-sama: Você sabe como sou um narrador audacioso.
Moon: E muito exibido, também.
Locutor-sama: Sempre quando tem oportunidade, sempre tem que me lembrar disso.
Moon: Lógico. Se não for eu pra te lembrar, quem fará isso?
Locutor-sama: Um dia eu vou descobrir uma coisa muito importante.
Moon: Que coisa seria essa?
Locutor-sama: Não sei.
Moon: Como não sabe?
Locutor-sama: Eu só queria falar uma frase cheia de efeito e dramaticidade.
Moon: Está vendo, é por isso que eu que falei que você é audacioso.
Locutor-sama: Eu vou considerar isso um elogio.
Moon: Eu tenho uma revelação a fazer.
Locutor-sama: Qual?
Moon: Golfinhos jogam pôquer.
[Locutor-sama pondera um pouco antes de responder]
Moon: Não vai dizer nada?
Locutor-sama: Vou dizer, eu só estou pensando um poquinho.
Moon: Mas você pensa muito devagar.
Locutor-sama: Quem não pensa, não fala.
Moon: Tudo bem, tudo bem.
Locutor-sama: Tem conversado muito com golfinhos?
Moon: Eu não converso com golfinhos.
Locutor-sama: Como não? Você precisa saber de informações relevantes, de uma fonte confiável.
Moon: Do próprio golfinho?
Locutor-sama: Sim, do próprio golfinho.
Moon: Mas eu não entendo a linguagem dos golfinhos!
Locutor-sama: Então, então. Você não tem que supor que eles joguem pôquer.
Moon: Se eles não jogam pôquer, eles jogam o quê?
Locutor-sama: Não sei, eu não converso com golfinhos.
Moon: Caramba!!
Locutor-sama: Sim, caramba. Uma pena, não?
Moon: O que seria uma pena?
Locutor-sama: Que eu não converso com golfinhos.
Moon: Ah.
Locutor-sama: Pois é, eu sou bom, mas nem tanto.
Moon: Queria ter a metade da sua autoestima.
Locutor-sama: Você está me ironizando?
Moon: Não, afinal de contas, golfinhos são jogadores de pôquer.
Locutor-sama: Você vai ficar insistindo nesse ponto?
Moon: Claro. Eu tenho certeza das minhas convicções.
Locutor-sama: Ainda bem que você tem suas certezas, e eu tenho as minhas.
Moon: Sim. Podemos encerrar nossa conversa aqui.
Locutor-sama: Não! Ainda não podemos encerrar nossa conversa.
Moon: Como não?
Locutor-sama: Ainda não deu o número de palavras.
Moon: Eu já terminei histórias antes de dar o número de palavras, sabe?
Locutor-sama: Sim, sim. Eu sei disso. Mas de qualquer forma, você não pode quebrar a tradição.
Moon: Mas eu já quebrei a tradição!
Locutor-sama: Tradições são importantes. As múmias gostam.
Moon: As múmias??? Francamente, narrador.
Locutor-sama: Nós não podemos esquecer nunca das múmias.
Moon: Mas… Mas… De onde veio as múmias?
Locutor-sama: Não sei. De qualquer modo, a palavra me veio na cabeça.
Moon: Certo, certo.