No apartamento da Matilde.
Matilde: Claro. Tudo que eu queria agora, era isso!
Kekekê: Mas…
Matilde: Nada de mas! Eu não quero! Eu não vou!
Kekekê: A mãe é sua, não a minha. Apesar da Dona Tildinha ser minha sogra…
Matilde: Que ótimo. Devo soltar fogos de artifício? Ou preparar as panelas?
Kekekê: Tilde! Por favor, nós temos a obrigação de…
Matilde: Então receba-a na sua casa! Não na minha!
Kekekê: Eu adoraria, sabe. Mas ela não é minha mãe! Ela não vai gostar, e depois vocês duas vão brigar.
Matilde: Não me importo!
[Matilde voou até a cozinha. Kekekê a seguiu.]
Kekekê: Sabe, eu não entendo como se sente. Não tenho minha mãe ou meu pai por perto há muito tempo, será que reconsiderar seria uma tarefa tão complicada?
Matilde: Oras, arrume uma mãe que seja líder de máfia mágica e a gente conversa.
Kekekê: *suspira* Nós resolvemos a nossa crise de casamento mais rápido.
Matilde: Eu sei que está sendo irônico! Ou otimista. No seu caso, está sendo bonzinho. Te odeio por fazer isso.
Kekekê: Mas Tilde…
Matilde: Mas! Mas! Mas! Eu não quero ela aqui e pronto!
Kekekê: *suspira novamente* Pense bem. Quer que eu a leve para perto da Casa Verde?
Matilde: *fica em silêncio, pensa um pouco* Tá. Tá! Mas isso é porque eu prefiro aturá-la no meu território do que ter o risco de vê-la usando suas lindas asinhas e dando tiros pela Casa Verde.
Kekekê: Pensei que ela levasse no bolso uma pistola de água…
Matilde: Já ouviu falar de pane elétrica?
Kekekê: Já. Estava tentando ser…
Matilde: Otimista, já sei. Não consigo entender do porquê de ter aceitado casar com alguém como eu.
Kekekê: Bem, são coisas engraçadas. Não é engraçado para ti, mas para mim é. Enfim, eu vou dizer que ela poderá vir.
Matilde: Se papai vir, diga para usar calças.
Kekekê: E desde quando meu sogro sai sem calças? Quando acompanhado da esposa?
Matilde: Eu sempre vou admirá-lo pela sua educação.
Kekekê: Obrigadinho. *digita o número da dona Matilda no telefone* Olá, dona Tildinha!
Dona Tildinha: Kekekê! Está me ligando para, suponho, vir aqui tomar um café? Chá? Suco de laranja?
Kekekê: Não, não. É por outra coisa.
Dona Tildinha: Entendo. Mas sabe, eu não preciso de grandes explicações. Se há alguém que precisar tomar outro rumo na vida…
Kekekê: Dona Tildinha! A Senhora está se desviando dos valores morais e consequentemente, corretos da nossa sociedade.
Dona Tildinha: Ah, ah! Eu tinha falado para a Matilde ir na minha casa… Não. O contrário.
Kekekê: Isso! Isso!
Dona Tildinha: Mas eu não vou mais.
Kekekê: Não?
Dona Tildinha: Não. Você quer que eu vá?
Kekekê: A Senhora sabe muito bem que isso depende da Matilde, não de mim.
Dona Tildinha: Ha ha ha! Claro, claro. Mas diga para a minha filha que a mamãe dela não vai mais.
Kekekê: Está brincando…
Dona Tildinha: Eu tenho um projeto de fazer o Tildão emagrecer para o verão. A sua barriga se tornou um monstro faminto, e digamos que eu prefiro fazê-lo emagrecer para vestir calças de novo.
Kekekê: Monstro faminto? Dona Tildinha!
Dona Tildinha: Câmbio e desligo.
Kekekê: *desliga o telefone* Matilde, a sua mãe não vem mais.
Matilde: Ah! Ouviram as minhas preces.
Kekekê: Ela vai fazer o seu pai emagrecer.
Matilde: Ha ha ha ha… Espere. Você não faz piadas.
Kekekê: Estou preocupado.
Matilde: Pobrezinho. Mas antes ele, do que eu.
Kekekê: Está bem… Eu não vou dizer nada agora, mas se caso a sua mãe saber que disse isso, vai estar em maus lençóis.
Matilde: É, é. Eu me entendo com ela.